Se fosse caso disso – e era-o muitas vezes – Julião Sarmento, quando entrevistado, iniciava a resposta à segunda pergunta que se lhe fizesse, deixando entender que a primeira tinha sido mais ou menos boçal e que a sua disponibilidade para as banalidades era muito limitada.
A sua vida artística respondia por essa indisponibilidade: o experimentalismo consequente e o desbravar de alternativas – sem chegar ao paradoxo da arte conceptual, que carece de explicação perante a surpresa – marcaram em definitivo a obra de um inconformista que não se dava ao trabalho de ter de a explicar, até porque não era preciso.