Este poderia ser um livro que brota de uma pintura: “Dr. Pozzi at Home”, de John Singer Sargent. Um homem de casaco, ou roupão, vermelho. Mas também pode ser sobre o sangue dos duelos, sempre presentes nestas páginas. É, sobretudo, sobre a Belle Époque e sobre o tráfego de ideias entre a França e a Inglaterra, esse ping-pong cultural que é a essência das sociedades abertas à descoberta, à discussão e à fruição. No fundo é tudo isso, feito com a elegância da escrita de Julian Barnes, a partir da chegada a Londres,em 1885, de três franceses: o príncipe Edmond de Polignac, o conde Robert de Montesquiou-Fezensac e o plebeu Dr. Samuel Jean Pozzi. Mas, como escreve Barnes, “talvez pudéssemos começar em Paris, no verão anterior, com Oscar e Constance Wilde em lua de mel. (...) Ou podíamos começar com uma bala e a arma que a disparou. (...) Mas que arma, e que bala? Havia tantas nessa época”. Este é um livro circular, entre os homens, a arte, o amor, as ideias e os duelos. Entre as diferentes faces da sociedade. O branco e o negro, separados por uma fina linha.