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JPAB cria equipa para apoiar negócios no Golfo Pérsico

‘Desk’ para assessorar empresas que pretendam internacionalizar para a região do Médio Oriente conta com o consultor Imran Mhomed e uma equipa multidisciplinar do escritório.

Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Omã, Bahrein e Kuwait são os seis países para onde a sociedade de advogados JPAB - José Pedro Aguiar Branco pretende as empresas portuguesas exportem e invistam, para gerar também mais investimento árabe em Portugal. O co-managing partner do escritório fundado pelo ex-ministro Aguiar Branco avançou, em entrevista ao Jornal Económico (JE), que foi criada uma desk interna dedicada ao Golfo Pérsico (ou Arábico), porque existem oportunidades no Médio Oriente que não estão a ser aproveitadas pelos gestores – e vão muito além de visitar exposições no Dubai.

“É uma antecipação porque sabemos que esta região será determinante para os empresários portugueses. No sector agroalimentar, por exemplo, tem o maior índice de consumo de alimentos per capita do mundo. Está a verificar-se uma diversificação da economia, além do petróleo, com grandes eventos, foco no desporto, na saúde… Portugal tem este know-how e é capaz de internacionalizá-lo”, garante Paulo Cutileiro Correia.

O principal rosto deste gabinete de assessoria especializada é Imran Mhomed, que é of counsel da JPAB e foi assessor do governo do Kuwait e consultor do secretário de Estado da Internacionalização em 2016-2017. Filho e neto de portugueses e nascido em Lisboa, o jurista optou por licenciar-se na Arábia Saudita em Direito Islâmico e assegura ao Jornal Económico: “Por sermos um pouco eurocêntricos não olhamos muito para essa região. Portugal não olha para aquela zona, apesar de estar umbilicalmente ligados a ela por ter origens árabes e muçulmanas desde há alguns anos, mas não as utiliza tão bem como os espanhóis, o que se vê pelos investimentos e pelo turismo que depois o Golfo tem em Espanha”. “Em Portugal contamo-los com uma mão”, lamenta. É o caso do empresário sheik Mohamed Bin Issa Al Jaber, que vai investir mais 42 milhões de euros no Algarve, ou o das empresas portuguesas IGHS e VHM, que estão envolvidas num investimento de 130 milhões de euros para abrir um hospital universitário em Fujairah.

“É importante percebermos que para estarmos ao nível das grandes potências mundiais também temos que nos deslocalizar e que não é só ir lá e pousar-se na fotografia. É preciso fazer o pré-viagem, a viagem e o pós-viagem, porque quem não faz follow-up é equivalente a zero. É a mesma coisa do que eu ir ter uma reunião com um cliente para o defender em tribunal, mas não o defendo, não trato dos papéis e só digo «olhe a sua defesa deve ser A, B ou C»”, exemplifica Imran Mhomed, que foi ainda consultor de relações internacionais para o Médio Oriente do Sporting Clube de Portugal e consultor financeiro de bancos no Brasil entre 2010 e 2015.

O problema é que Portugal nem na fotografia pousa. Ou seja, faltam Marselfies na zona que compreende a Península Arábica e o sudoeste do Irão, porque, ainda que a questão política não extraordinariamente relevante para o sector privado, dá aos investidores um sentimento de confiança em quem lidera esses países, segundo os advogados da JPAB. “Infelizmente, Portugal nunca teve uma visita de um chefe de Estado da Arábia Saudita nem do Barain, de Omã ou do Kuwait. Angela Merkel, em 16 anos, visitou e recebeu no mínimo dez ou 15 chefes de Estado do mundo árabe, primeiros-ministros, ministros dos Negócios Estrangeiros…”, critica Imran Mhomed.

A desk do Golfo Arábico, que é composta por uma equipa multidisciplinar de Corporate, bancário e financeiro, pretende combater esta “falta de conhecimento”. “Queremos proximidade aos nossos clientes no desenvolvimento das suas políticas de empresarias, das suas apostas comerciais. Sentimos que desde há algum tempo que têm olhado para esta região como um espaço onde querem apostar por ter investimentos que depois podem trazer retorno económico”, explica Paulo Cutileiro Correia ao JE. No entanto, o voo para o Médio Oriente não está ao alcance dos empresários que optem pelo facilitismo, até porque os principais negócios são fechados em diwanya e maslis, os círculos de amigos. “Mas dizemos sempre à empresa que só faz sentido internacionalizar se tiver capacidade para isso: recursos e tempo. Esta é uma cultura muito especial - não é chegar, fazer o negócio e receber o dinheiro – e está muito assente na confiança, que se constrói e leva tempo, mas uma vez ela construída e consolidada é muito honrada”, salvaguarda o sócio e co-mananging partner da JPAB.

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