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João Pedro Vieira quer entendimento entre PS e esquerda e alternativa a Cafôfo como candidato às regionais

O antigo secretário-geral do PS Madeira, que foi também antigo vereador de Paulo Cafôfo na Câmara do Funchal quando este era presidente da Câmara, considera que o PS deve liderar uma alternativa "sólida e credível" à atual governação social-democrata, na Madeira, e sublinha que isso pode passar por "construir entendimentos com outros partidos da oposição da área política onde se inserem os socialistas, como o JPP e BE.

João Pedro Vieira, o antigo secretário-geral do PS Madeira e vereador na Câmara do Funchal durante a presidência de Paulo Cafôfo, considera, em declarações ao Económico Madeira, que a coligação pré-eleitoral proposta pelo líder socialista madeirense, Paulo Cafôfo, na passada terça-feira, que juntaria PS, Juntos Pelo Povo (JPP), Iniciativa Liberal (IL), PAN, e Bloco de Esquerda (BE), depois do Orçamento ter sido chumbado pelo Parlamento no dia anterior, foi "infeliz" ao nível do timing, na forma, e no conteúdo (a ideia de Cafôfo acabou rejeitada pelos partidos). Apesar de defender que o PS deve liderar uma alternativa "sólida e credível" à atual governação social-democrata na Madeira, sublinha que isso pode passar por "construir entendimentos com outros partidos da oposição da área política", onde se inserem os socialistas, como o JPP e BE.

O socialista defende ainda que Cafôfo deve criar as condições para que surja outro candidato, dentro do PS, num cenário de eleições regionais.

"Julgo que Paulo Cafôfo foi muito infeliz na sua tentativa de construir essa alternativa. Quer no timing, por surgir num momento em que as sondagens colocam outros partidos ao nível do PS e que, por isso, não querem abdicar do seu espaço político próprio, quer na forma, ao fazer um anúncio público antes de chegar a qualquer tipo de acordo inicial com os partidos, quer no conteúdo, ao procurar alargar a base de entendimento a partidos que não têm qualquer ligação ideológica ao PS, como a IL, ou que têm contribuído para manter o PSD no poder, como o PAN", afirma João Pedro Vieira.

Na semana passada foram conhecidas duas sondagens, uma do Diário de Notícias da Madeira (DN Madeira) e outra do Jornal da Madeira (JM), numa altura em que o Orçamento Regional para 2025 já tinha sido chumbado pelo Parlamento madeirense, que davam vitória em eleições regionais ao PSD com larga margem.

Ambas as sondagens colocavam o PS na segunda posição e sugeriam a hipótese de os socialistas poderem vir a perder deputados face à atual legislatura. Na do DN Madeira, o JPP surgiu na terceira posição com uma desvantagem de menos de um ponto percentual face aos socialistas.

João Pedro Vieira considera, mesmo perante os "erros" que identificou na estratégia de Cafôfo, relativamente à coligação pré-eleitoral que acabou rejeitada por JPP, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PAN, que "é possível" chegar a um acordo de governação entre vários partidos, "mesmo que isso ocorra apenas após as eleições".

O socialista diz que, para isso, o PS "deve ser capaz" de apresentar uma proposta de "alternativa credível" aos madeirenses. João Pedro Vieira entende que isso não lhe parece ser possível com os atuais protagonistas, face às decisões que têm vindo a público ao longo das últimas semanas e que "minam irremediavelmente" a confiança dos madeirenses no projeto político do PS.

"Se não formos capazes de liderar a oposição, antes e depois das eleições, também não seremos capazes de liderar a construção de uma alternativa de governação", reforça João Pedro Vieira.

Cafôfo criticou rejeição da coligação pré-eleitoral

O presidente do PS Madeira, Paulo Cafôfo, lamentou que os partidos tenham rejeitado a proposta dos socialistas madeirenses para uma coligação pré-eleitoral, num cenário em que a Madeira vá a eleições antecipadas.
 
Cafôfo referiu que o "não" indica que esses partidos "não querem fazer parte da mudança, como o PS quer fazer parte da mudança e ser Governo" na Região Autónoma da Madeira.

"Alguém tem dúvidas de que seria mais fácil fazer a mudança se os partidos da oposição se unissem? Não seria mais fácil, se nos entendêssemos, derrubar o PSD? Há partidos que se dizem oposição ao regime, mas, na hora da verdade, atuam para manter este regime de Miguel Albuquerque e do PSD. O PS é o único partido que quer mudar a Região", disse Cafôfo, que defendeu que, para que isso aconteça, é preciso que a população "dê força ao PS Madeira".

Parlamento debate moção de censura

Com uma moção de censura a ser debatida e votada no Parlamento, esta terça-feira, João Pedro Vieira considera que Paulo Cafôfo a deve viabilizar e criar condições para que o PS apresente outro candidato a presidente do Governo Regional.

"Paulo Cafôfo pode fazê-lo como presidente do PS Madeira, à semelhança do que outros já fizeram, nomeadamente seguindo o exemplo do que Emanuel Câmara fez com ele mesmo", esclarece João Pedro Vieira.

João Pedro Vieira já tinha defendido esta ideia em novembro no programa da rádio Jornal da Madeira 'Política 5.0', ou seja, num cenário de eleições antecipadas, o PS criar uma plataforma de entendimento, de esquerda, com JPP e BE, numa solução que não deveria ser liderada por Cafôfo, sugerindo alternativas como Miguel Silva Gouveia, antigo presidente da Câmara do Funchal e vice-presidente de Cafôfo na autarquia funchalense, ou Carlos Pereira, antigo presidente do PS Madeira.

Diga-se que JPP e BE já estiveram integrados em coligações com o PS para as autárquicas, na altura em que Cafôfo foi presidente da Câmara do Funchal.

Refira-se que a moção de censura, que será votada esta terça-feira, foi apresentada pelo Chega. JPP e PS já mostraram disponibilidade para a aprovar, o que, a confirmar-se, permitiria formar uma maioria parlamentar, que teria como consequência o derrube do executivo presidido por Miguel Albuquerque.

Com uma moção de censura aprovada, o Governo ficaria em gestão, até à tomada de posse de um novo executivo. O Representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, iria ouvir os partidos. A aprovação da moção de censura não implica necessariamente a convocação de eleições antecipadas. Uma das soluções poderia passar pela nomeação de um novo presidente do Governo, e respetivo executivo, com a viabilização de um novo Programa de Governo, como referiu o diretor do Departamento de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa, ao Jornal Económico, Pedro Trovão do Rosário. O cenário de eleições antecipadas só se colocaria caso fosse dissolvida a Assembleia Legislativa da Madeira.