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Jerome Powell e a Fed só querem falar de cortes no fim do verão

Mercados acreditam que o arranque dos cortes só deverá ter lugar em setembro, quando a inflação já estiver mais estabilizada. Fed vai atualizar projeções económicas e inflação de maio vai ser hoje conhecida.

Jerome Powell e a Reserva Federal norte-americana só querem ouvir falar de cortes lá para o fim do verão. É esta a crença dos mercados que rejeitam a possibilidade de qualquer corte na reunião desta semana. A taxa de referência deverá assim manter-se em 5,25%-5-50% por mais alguns meses.

Para já, apenas 9% dos investidores esperam um corte em julho, com o valor a subir para 47% sobre a possibilidade de um corte em setembro. Olhando para novembro, parece mais provável que venha a ter lugar um corte, ou a continuação da descida dos juros, segundo o "CME FedWatch Tool".

Esta quarta-feira será conhecida a decisão da Reserva Federal norte-americana, mas também os dados mais recentes da inflação, relativos a maio. E a Fed também vai revelar as suas projeções económicas mais recentes.

Um inquérito levado a cabo pela "Reuters" concluiu que a maioria dos economistas consultados (74 em 116) espera que o primeiro corte tenha lugar em setembro. Cerca de 60% dos inquiridos esperam também que a Fed leve a cabo dois cortes este ano.

Em março, as projeções económicas da Fed apontavam para dois a três cortes este ano, mas a Reserva Federal tem vindo a mudar a sua perspectiva, dado o caminho lento para a meta de inflação de 2% e um mercado laboral forte - em maio, foram criados mais 272 mil postos de trabalho nos EUA.

A taxa de inflação homóloga desacelerou para 3,4% em abril, face aos 3,5% registados em março. Foi a primeira desaceleração desde janeiro. Já a inflação subjacente perdeu duas décimas de ponto percentual para 3,6%.

A economia norte-americana cresceu 1,3% no primeiro trimestre, face a período homólogo, devendo acelerar 2,4% este ano. Os economistas esperam que a taxa de desemprego fique perto dos 3,9% até 2027. Os economistas consultados pela "Reuters" acreditam que a inflação só atinja a meta de 2% lá para 2026.

"Reafirmamos a nossa previsão de dois cortes no segundo semestre, em setembro e dezembro, seguidos de mais 100 pontos base de alívio em 2025", disse Paolo Zangiheri, economista da Generali AM.

Já o Goldman Sachs também espera que o primeiro corte tenha lugar em setembro, "altura em que esperamos ter assistido a cinco meses seguidos de boas notícias sobre a inflação".

"Pensamos que as decisões de outros bancos centrais começarem a cortar, com base no considerável, mas incompleto progresso cumulativo até à data na inflação, aumenta a possibilidade de que a Fed venha a fazer o mesmo", segundo David Mericle.

"Após setembro, esperamos cortes trimestrais para uma taxa terminal de 3,25%-3,5% . Isto implica um segundo corte em dezembro para dois cortes totais em 2024, mais quatro em 2025 e mais dois em 2026", de acordo com o analista do GS.

Para o ING, a "possibilidade de um crescimento mais baixo do PIB e desemprego elevado é a razão pela qual" o banco holandês prevê que só venha a ter lugar um corte de 25 pb este ano.

Já o Bank of America aponta que "a Fed vai aumentar a sua previsão para a inflação no encontro de junho e... seria estranho aumentar esta previsão e depois cortar as taxas de juro rapidamente", disse o economista Michael Gapen, que espera um corte apenas este ano, em dezembro. O analista aponta que o crescimento económico está a amolecer e que o mercado laboral está a arrefecer.