O exército israelita realizará um recrutamento antecipado para março próximo de cerca de 1.300 israelitas atualmente inscritos em programas pré-exército e serviços comunitários, anunciaram as Forças de Defesa de Israel (IDF) e o Ministério da Defesa em um comunicado conjunto citado pela imprensa israelita.
A decisão mostra, por um lado, que a guerra está para durar e, por outro, que parece haver alguma razão naqueles que afirmam que o exército israelita está a encontrar dificuldades no terreno que não eram expectáveis quando o conflito teve início. A questão da qualidade do exército israelita é um problema discutido há muito no país. Com o Estado hebraico a precisar de impor o recrutamento obrigatório, são muitos os críticos que afirmam que o sistema está pouco ajustado às necessidades.
Desde logo porque vários grupos – nomeadamente os partidos e organizações extremistas religiosas – têm conseguido situações de exceção em que os seus membros podem ‘furar’ essa obrigação. Por outro lado – e pelo menos desde a última guerra com o Líbano (2006), o exército perdeu a aura de invencibilidade a que estava acostumado desde a sua primeira grande vitória, na guerra israelo-árabe de 1948.
Os críticos dizem que a juventude dos soldados não ajuda à organização de um exército de qualidade, até porque o apelo para fazer das armas um modo de vida é muito pouco apelativo para as gerações mais jovens de israelitas. Como os analistas já detetaram no presente conflito, a maioria dos soldados israelitas mortos é muito jovem – o que coloca a hipótese de a instrução não ser já a mais adequada.
O cenário em que a guerra ao Hamas está a ser desenvolvido também não ajuda: depois da destruição em massa de que gaza foi alvo, os recontros passaram a ter um caráter de quase guerrilha, em que os combates se fazem casa a casa. Nada que seja uma vantagem para os israelitas e para a sua poderosa máquina de guerra – que não teve dificuldades em destruir tudo o que encontrou mas que agora está envolvida noutro tipo de ação.
A maioria dos israelitas tinha programado que só no final do ano letivo (em junho) teriam de se alistar, mas o anúncio dos militares e do governo confirma muda tudo. Segundo a imprensa israelita, o objetivo do recrutamento antecipado "é reforçar as unidades de combate à luz das necessidades de combate (...) tendo como pano de fundo a guerra, a rotatividade de baixas e a necessidade de preencher as fileiras e expandir as forças de combate", diz o comunicado.
O recrutamento será feito em conjunto com as várias organizações do programa para minimizar qualquer dano. Cerca de 850 jovens serão recrutados nos programas pré-exército e cerca de 450 são os que era previsto alistarem-se este ano. Os potenciais candidatos que foram evacuados das suas casas devido à guerra entre Israel e o Hamas não farão parte do processo de antecipação.
Existem centenas de academias pré-militares em Israel, com mais de quatro mil alunos, explicam as mesmas fontes. A entrada no ativo é altamente competitiva e pode envolver um longo processo de candidatura. Muitos alunos das academias passam a ingressar em unidades de comando de elite ou preencher outras funções de alto nível no exército.
Os graduados do ensino médio que ingressam em programas de um ano de serviço envolvem-se em trabalho voluntário de vários tipos, em alguns casos com comunidades judaicas no exterior.
Entretanto, continuam em diversas geografias os esforços para fazer avançar as negociações para um possível cessar-fogo e para a libertação dos reféns que ainda se encontram na posse do Hamas. O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, reuniu com o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, em Washington, para discutir os esforços em curso para garantir um acordo de reféns entre Israel e o Hamas, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Sullivan também reunirá com vários familiares dos reféns na Casa Branca.