A retaliação israelita ao ataque iraniano de sábado passado tem ao mesmo tempo de ser impactante para os iranianos – na tentativa de os convencer a não repetir a ‘graça’ – e para os israelitas – que precisam de ser convencidos de que continuam a ser inatacáveis e que têm um governo com foco na segurança. Nesse contexto, estão de lado qualquer ataque pessoal a líderes iranianos ou ações semelhantes à que Israel levou a cabo em Damasco a 1 de abril, contra o consulado iraniano.
Ou seja, dizem os analistas, a retaliação precisa de ter impacto. Se isso implica ou não uma nova guerra, logo se verá. É nesse ponto que, segundo os jornais israelitas, o primeiro-ministro disse que, apesar dos conselhos dos aliados, Israel vai "tomar as suas próprias decisões" sobre segurança.
Após reuniões com os ministros das Relações Exteriores britânico e alemão, Netanyahu prometeu na reunião do seu gabinete de crise desta quarta-feira que Israel tomará suas próprias decisões e fará o que for necessário para se proteger, mesmo que seja contrário aos conselhos deixados por seus aliados.
O ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron, e a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, chegaram a Israel na quarta-feira para uma visita. Tanto a Alemanha como o Reino Unido pediram a Israel que mostre moderação após o ataque, alertando que quaisquer hostilidades diretas adicionais com o Irão podem levar o Oriente Médio a uma guerra total. Israel, no entanto, prometeu retaliar, dizendo que não o Irão pode assumir a perceção de que atacar sem enfrentar repercussões é uma opção.
Segundo as mesmas fontes, parecendo rejeitar respeitosamente os conselhos de Baerbock e Cameron, Netanyahu disse que ambos tinham "todos os tipos de sugestões e conselhos" e, embora fossem apreciados, Israel "tomará as suas próprias decisões, e o Estado de Israel fará tudo o que for necessário para se defender".
Reconhecendo o direito de Israel de tomar essas decisões, Cameron disse à imprensa em Israel que, embora estivesse claro que haveria retaliações contra Teerão, o Reino Unido espera que sejam realizadas "de uma forma inteligente e dura e também faça o mínimo possível para escalar este conflito". Cameron também pediu a Israel que volte a sua atenção para Gaza. "A necessidade real é voltar a concentrar-se no Hamas, de volta aos reféns, de volta à entrada da ajuda, de volta a fazer uma pausa no conflito em Gaza", disse.
A sua homóloga alemã disse mais ou menos o mesmo. Assegurando que o seu país continua em total solidariedade com Israel, afirmou que “o Irão e seus representantes, como o Hezbollah ou os houthis, não devem ser autorizados a colocar lenha na fogueira", acrescentando que haverá consequências para o ataque, já que a União Europeia está a trabalhar para impor novas sanções contra Teerão. Reiterando o seu apelo para que Israel exerça moderação, Baerbock disse que "todos devem agora agir com prudência e responsabilidade".
Os dois diplomatas também reuniram com o presidente israelita, Isaac Herzog, e com o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, com todas as conversas focadas nas consequências de uma retaliação israelita.
Depois do encontro em Israel, ambos seguiram para uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G7, em Itália, onde foi precisamente debatida a imposição de novas sanções ao Irão.