O ministro da Segurança Nacional de Israel, o extremista de direita Itamar Ben-Gvir, criticou duramente a forma como o governo dos Estados Unidos está a auxiliar o seu país no que tem a ver com a guerra na Palestina, acusando a administração de Joe Biden de beneficiar o Hamas. Um segundo governo Trump será melhor, declarou Ben Gvir em entrevista ao “The Wall Street Journal”. "Se Trump estivesse no poder, a conduta dos Estados Unidos seria completamente diferente."
Como vem sendo prática desde 7 de outubro, as declarações de Ben-Gvir vão contra a posição do próprio primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que se viu mais uma vez forçado a desmentir o seu ministro, dando mostras da tensão interna que se instalou no gabinete de crise que lidera o país.
A intervenção de Ben-Gvir é também o oposto do que disse este fim-de-semana o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, que agradecer publicamente ao secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e ao governo Biden "os seus esforços para encontrar uma forma de fazer regressar os reféns, o seu compromisso com a segurança de Israel e a sua liderança no fortalecimento da segurança na região do Médio Oriente".
Para o ministro da Segurança Nacional, a Casa Branca está do lado do Hamas quando pressiona Israel a permitir que mais ajuda chegue aos habitantes de Gaza e quando afirmou que avaliará novos fornecimentos de armas para pressionar a redução da intensidade das operações militares no enclave. A administração Biden também se mostrou contrária aos repetidos apelos de Bem-Gvir para que Israel encoraje a "emigração voluntária" da população de Gaza.
Ao “The Wall Street Journal”, Ben-Gvir disse que desejava "encorajar os habitantes de Gaza a emigrar voluntariamente para outros lugares" usando incentivos em dinheiro. E que pretende estender os colonatos de volta a Gaza – algo que a comunidade internacional rejeita por completo.
"É hora de os Estados Unidos repensarem a sua política na Judeia e Samaria [Cisjordânia]. O presidente Biden está errado sobre os cidadãos do Estado de Israel e os colonos heroicos", disse recentemente Ben-Gvir numa rede social.
Ben-Gvir também ainda ao jornal norte-americano que Netanyahu está "numa encruzilhada" e "tem que escolher em que direção quer ir" - embora tenha acrescentado que não tem intenção de sair do governo, apesar das repetidas ameaças de o fazer.
Em vez de se concentrar em questões de segurança interna, Ben-Gvir está "a causar tremendos danos às relações exteriores de Israel", escreveu por seu turno (nas redes sociais) o ministro Benny Gantz, líder do partido Unidade Nacional e que faz também parte do gabinete de crise criado a seguir a 7 de outubro.
"É permitido haver disputas, mesmo com o nosso maior e mais importante aliado, mas elas devem ser conduzidas nos fóruns relevantes e não em declarações irresponsáveis nos jornais, que prejudicam as relações estratégicas do Estado de Israel, a segurança do Estado e o esforço de guerra", escreveu Gantz.
As declarações de Ben-Gvir constituíram "um ataque direto ao estatuto internacional de Israel" e ao esforço de guerra, declarou por seu turno o líder da oposição, Yair Lapid, acrescentando que a retórica do ministro é "prejudicial à segurança de Israel e, acima de tudo, prova que não entende nada de política externa". "Eu pediria ao primeiro-ministro que o contivesse, mas Netanyahu não tem controlo sobre os extremistas do seu governo", afirmou Lapid, líder do partido Yesh Atid.
Também o líder do Partido Trabalhista israelita, Merav Michaeli, escreveu que "o que Netanyahu fez contra Obama e contra Biden sob o disfarce de liderança, Ben-Gvir está a fazendo sob o disfarce de bravura. Ambos são parte da ruína que Netanyahu trouxe e continua a trazer sobre Israel".