Em visita à Cidade de Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, deu a entender que a operação terrestre prevista para a região de Rafah – na fronteira com o Egipto, estará para breve. “Um trabalho extraordinário está a ser feito acima e abaixo do solo: as nossas forças chegam a todos os lugares e a conclusão é que não há sítio seguro em Gaza para terroristas”, disse Gallant, citado pelos jornais israelitas, durante a visita.
“Mesmo aqueles que pensam que estamos atrasados logo verão que chegaremos a todos”, acrescentou. “Vamos levar à justiça qualquer pessoa que esteve envolvida em 7 de outubro: ou vamos eliminá-los ou levá-los a julgamento em Israel. Não há lugar seguro, nem aqui, nem fora de Gaza, nem em nenhum lugar do Médio Oriente”.
As autoridades israelitas continuam a acreditar que o que resta das forças do Hamas está entrincheirada em Rafah, sendo ali que se encontra o último reduto que ainda resta ao grupo jihadista na Faixa de Gaza. Assim, e apesar das duras advertências internacionais sobre a segurança dos mais de 1,5 milhões de civis que se refugiaram na área, o plano continua no ativo.
Gallant também abordou a situação humanitária no enclave e o novo corredor marítimo de ajuda, dizendo que permitirá que a assistência chegue “aos cidadãos e não ao Hamas”, e enfraquecerá o grupo radical. E “fortalecerá o nosso domínio e melhorará a nossa capacidade de continuar a lutar”.
Quem não está convencido de que o estranho sistema possa vir a funcionar são os observadores externos. Os esforços para levar ajuda a Gaza através da construção de um porto marítimo temporário ou dos lançamentos aéreos são um sinal de impotência internacional, disse o chefe da Amnistia Internacional em Madrid. Citado por diversos jornais espanhóis, Agnes Callamard, disse que recorrer a “lançamentos aéreos, à construção de um porto, é um sinal de impotência e fraqueza por parte da comunidade internacional”.
Israel sustenta que não restringe a ajuda humanitária ou médica e atribuiu a falta de entregas à capacidade das agências humanitárias, dizendo repetidamente que está a aprovar mais camiões de ajuda para ajuda do que as agências são capazes de entregar. O problema, ou um deles, é que a fronteira entre Gaza e o Egipto está, na prática, a ser gerida pelos israelitas – que a abrem e a fecham da forma que lhe for mais conveniente. Se a passagem entre as duas regiões não fosse de facto um tampão ao enclave, a ajuda humanitária não teria tantos problemas em chegar aos refugiados.
Entretanto, um segundo navio de ajuda com destino a Gaza deixará o porto cipriota de Larnaca assim que um barco que já navega ao longo do novo corredor marítimo completar a sua missão, disse o ministro das Relações Exteriores do Chipre. O segundo navio, “com maior capacidade” do que o Open Arms (em trânsito), poderá sair de Larnaca “após o desembarque” do primeiro, disse Constantinos Kombos, citado pelos jornais locais. Este segundo navio “está em Larnaca desde sábado” passado e está a ser inspecionado, diz Kombos, sem especificar qual será a carga transportada para Gaza.
Embora o primeiro barco tenha sido encontrado “através de uma ONG, alinhámos um acompanhamento através de um navio comercial com maior capacidade”, acrescentou o ministro. Uma vez perto de Gaza, a ajuda transportada pelo navio será entregue num porto (uma boia grande) construído para a operação pela instituição norte-americana World Central Kitchen, que a distribuirá.