O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Eli Cohen, revelou que a pressão diplomática sobre Israel começou a aumentar e que, embora não seja particularmente alta neste momento, está a aumentar. Cohen revelou que um grande número de chancelarias estão a enfatizar cada vez mais as questões humanitárias e os pedidos para a declaração de um cessar-fogo são cada vez mais.
Cohen disse que a “janela diplomática” de duas, quando muito três semanas, acabará por fechar-se até que a pressão internacional comece a aumentar seriamente. O ministro não foi claro sobre o que quer dizer o ‘fecho’ dessa “janela diplomática”, mas é evidente para os analistas que Israel corre cada vez mais o risco de perder paulatinamente os seus apoios internacionais.
Eli Cohen disse que a questão dos cerca de 240 reféns mantidos pelo Hamas em Gaza é uma "ferramenta central" que dá legitimidade a Israel para continuar a lutar, e que “o mundo aceita que Israel não vai parar até que eles sejam libertados”. Depois disso, logo se verá. O que o ministro não terá dito é que essa “janela diplomática” está a fechar-se desde que, ao contrário de todos os conselhos deixados ao governo de crise, a resposta aos atentados de 7 de outubro revelou ser muito mais rigorosa que a mera procura dos responsáveis do Hamas.
Desde então, acumulam-se as divergências sobre a força que Israel está a usar contra o Hamas, que já resultou em mais de dez mil mortos palestinianos. Os próprios Estados Unidos, sempre muito sensíveis às questões do Estado hebraico, não se têm furtado a criticar com alguma severidade a forma como as tropas de defesa do país (as IDF) estão a comportar-se no terreno.
Mas Israel defende-se, afirmando que o Hamas se comporta ainda pior, usando os civis como escudo protetor contra os ataques das IDF. O Hospital al-Shifa é a evidência do que se passa em Gaza. A acreditar nos relatos que saem de Israel, o Estado hebraico cortou a energia e as comunicações ao complexo; posteriormente, deu a conhecer que estaria disponível para retirar os doentes mais necessitados – entre eles as crianças que deixaram de contar com as incubadoras – para hospitais israelitas; mas o Hamas parece não estar de acordo, e, segundo esses relatos, têm-se oposto a essa retirada. Para todos os efeitos, fica claro que o hospital e os que o procuram estão no meio de uma batalha – que infelizmente para eles não é apenas informativa.
Entretanto, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu volta a ser alvo de problemas políticos internos. Segundo a imprensa israelita, O procurador-geral do país, Gali Baharav-Miara, escreveu ao conselheiro de Segurança Nacional Tzachi Hanegbi para exigir o confisco imediato de documentos confidenciais enviados ao gabinete do primeiro-ministro após o início da guerra, em violação dos protocolos.
O pedido urgente ocorre depois de o jornal “Haaretz” ter avançado que o chefe de gabinete de Netanyahu, Tzachi Braverman, pediu nas últimas semanas a diversas autoridades material confidenciais de reuniões do gabinete de segurança realizadas pelos governos atual e pelo anterior – e que provavelmente servirão de base para a batalha política de Netanyahu no pós-guerra sobre.
Por seu turno, a líder do Partido Trabalhista, Merav Michaeli, afirma, segundo as mesmas fontes, que a coligação continua, apesar da guerra, a avançar com a sua polémica agenda para a reforma judicial – que nos meses anteriores à guerra praticamente dividiu o país a meio e foi causa de diversas manifestações, algumas não totalmente pacíficas. O ministro da Justiça, Yariv Levin, tentou, de acordo os jornais, promover dois juízes que concordam com a alteração à lei (que retira uma parte substancial das competências do Supremo Tribunal de Justiça), no sentido de rodear o edifício judicial com membros que apoiam o governo nessa matéria.