Numa altura em que um grupo de cidadãos israelitas está a ponderar a hipóteses de levar a tribunal uma série de instituições do país acusando-as de não cumprirem a sua função de defesa da vida, os Estados Unidos insistem com o governo de Netanyahu que é chegado o tempo de abrandar a investida sobre Gaza. O que quer dizer que a guerra pode estar a alastrar.
Segundo a imprensa israelita, um grupo de cidadãos está a tentar conseguir uma indemnização porque a Shin Bet, a ‘secreta’ interna, as Forças de Defesa de Israel (IDF) e o Estado não terão estado alinhados na defesa da vida, o que – na sua ótica – permitiu o massacre de 7 de outubro passado. A ação é, segundo a imprensa, irrealista – mas o Estado tem sido ultimamente confrontado com uma série de iniciativas judiciais que fazem lembrar o modo de operar da advocacia norte-americana perante os tribunais federais do seu país.
Ainda há algumas semanas, vários grupos de cidadãos tentaram que os tribunais impedissem o governo de Benjamin Netanyahu de estar representado junto das negociações mais tarde resultaram num cessar-fogo de seis dias e na libertação de cerca de metade dos mais de 220 reféns que chegaram a estar nas mãos do Hamas. As ações não encontraram qualquer apoio nos tribunais, mas o sistema teve mesmo que se debruçar sobre o assunto e responder.
Desta vez sucederá com certeza o mesmo: os tribunais que forem acionados terão de dar uma resposta sobre a matéria, mas é altamente improvável que o Ministério Público israelita queira acompanhar as propostas de pedido de indemnização.
Entretanto, ao cabo de vários alertas, as tropas norte-americanas decidiram diminuir o contingente militar que se mante no Mediterrâneo Oriental desde 7 de outubro, dando nota, diz a imprensa israelita, de que o presidente norte-americano, Joe Biden, optou mesmo por provar a Netanyahu que a Casa Branca quer parar a violência desproporcionada que tem acompanhado a ação militar israelita na Faixa de Gaza.
Os analistas afirmam que o regresso do porta-aviões norte-americano Gerald R. Ford, juntamente com outros navios de guerra, ao seu porto de origem na Virgínia, dará a ideia de que os norte-americanos estão a desistir do apoio que prestaram desde a primeira hora. Um analista ouvido pelo jornal “Haaretz” diz mesmo que a retirada do porta-aviões vai ser entendida pelo Hezbollah libanês como uma espécie de salvo conduto para aumentar a pressão sobre a fronteira norte de Israel. E, de facto, quando a Marinha norte-americana atravessou o Mediterrâneo para se posicionar às portas de Israel (cujas águas territoriais fazem fronteira com as do Líbano) a intenção declarada era precisamente a de indicar que os norte-americanos não tolerariam qualquer intervenção de países terceiros (leia-se o Irão) na guerra que na altura estava no seu início.
A retirada de parte das forças norte-americanas dá-se numa altura em que, segundo a imprensa israelita, o governo de Netanyahu decidiu retirar do terreno algumas unidades operacionais. O mais certo, dizem alguns analistas, ´´e que estas unidades vão reforçar o esforço de guerra no norte – nas fronteiras com o Líbano e com a Síria.