"Se não houver pressão militar sobre o Hamas, nada vai progredir", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, citado pelos jornais israelitas – para confirmar que a operação terrestre está interligada com o esforço para devolver os reféns às suas famílias. O comunicado do Ministério da Defesa deixa assim explícito que é possível que a entrada do exército israelita em Gaza por terra pode ainda não ser para já. O que o comunicado deixa também perceber é que Galllant não consegue deixar a retórica que lhe é própria: "Estamos a lutar contra animais”, disse.
A questão dos reféns prevalece sobre todo o cenário da guerra entre Israel e o Hamas: centenas de pessoas protestaram este fim-de-semana em frente à embaixada do Qatar em Londres, pedindo a libertação dos reféns mantidos em Gaza.
O Qatar tem sido um mediador fundamental nos esforços para negociar a libertação dos reféns, mas também tem sido criticado por acomodar no seu território (em Doha) o topo político do Hamas. O problema é que uma coisa sem a outra não é possível, como todos os envolvidos já perceberam.
Entretanto, em Gaza o desespero está a apoderar-se dos palestinianos. Segundo avançam alguns jornais, entre eles o “The Guardian”, a ordem social está a começar a colapsar: milhares de pessoas desesperadas invadiram armazéns da ONU em busca de alimentos. Thomas White, chefe da agência da ONU para refugiados palestinianos (UNRWA), disse este domingo que trigo, farinha e suprimentos de higiene foram retirados no dia anterior de vários centros administrados pela ONU em toda a Faixa de Gaza.
"Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está a começar a entrar em colapso após três semanas de guerra e um cerco apertado", disse White, citado pelo jornal britânico. "As necessidades das comunidades são imensas, nem que seja para a sobrevivência básica, enquanto a ajuda que recebemos é escassa e inconsistente”. Os serviços básicos em Gaza desmoronaram após três semanas de um bloqueio quase total imposto por Israel, deixando os palestinianos expostos a todo o tipo de malefícios.
A pressão internacional terá sido possivelmente um dos fatores que levou Israel a, entretanto, decidir reabrir o segundo de três condutas que fornecem água à Faixa de Gaza, permitindo que um total de 28,5 milhões de litros por dia fluam de Israel para o território administrado pelo Hamas, regerem os jornais do Estado hebraico.
O coronel Elad Goren, que chefia o departamento civil da Coordenação de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), anunciou este domingo que o segundo gasoduto foi reaberto no sábado. Os 28,5 milhões de litros de água potável por dia são pouco mais da metade dos cerca de 49 milhões que Israel fornecia antes de 7 de outubro.
Num briefing com jornalistas estrangeiros, Goren disse que agora há água suficiente a ser fornecida a Gaza para as necessidades humanitárias básicas e insistiu que não há falta de comida no território – o que claramente é desmentido pela própria ONU. O responsável israelita afirmou também que a ajuda humanitária que será transferida para o território "aumentará drasticamente" nas próximas semanas. “Criaremos uma equipa de especialistas que avaliarão a situação humanitária em Gaza diariamente", disse Goren.
O COGAT, uma unidade pertencente ao Ministério da Defesa, está em contato com as agências humanitárias internacionais que operam diariamente dentro de Gaza para atualizar a sua avaliação da situação humanitária e está a monitorar de perto o fornecimento de água, alimentos e energia, bem como as necessidades de saúde, disse Goren.