Como haviam dito antes vários analistas dos mais diversos países, a extrema-direita israelita está contra o acordo, arrancado ‘a ferros’ que vai permitir a libertação de 50 dos mais de 200 reféns que o Hamas mantém em seu poder em parte incerta. A ideia subjacente a tão bizarra posição – com a generalidade do país a defender a libertação e a rogar por ela, segundo a imprensa israelita – resulta de que, segundo os extremistas, nada deve fazer com que o país assuma qualquer acordo com terroristas. Aparentemente, o seu extermínio, uma solução final, é a única opção aceitável.
Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, e Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança, são os dois elementos do governo que estão na linha da frente da recusa de qualquer acordo. Ambos os ministros anunciaram que os seus partidos não votarão a favor do acordo que garanta a libertação de cerca de 50 reféns em troca de um cessar-fogo de quatro dias e a libertação de centenas de mulheres e menores palestinianos presos por Israel.
Segundo a imprensa israelita, a recusa pode não ser definitiva. Até porque vários líderes religiosos extremistas terão dito aos políticos sobre os quais exercem influência que pensem melhor antes de votarem ‘não’. A votação teve lugar entretanto, mas a questão da recusa da extrema-direita é um sinal que as forças em presença – nomeadamente os diplomatas ligados ao processo de negociações, não vão com certeza deixar de ter presente.
Do outro lado, o partido de oposição de maioria árabe, o Hadash-Ta'al, disse que o acordo sobre os reféns “deve ser o início do processo de fim da guerra”. O partido criticou a guerra em curso mas diz que o acordo deve servir para "parar o ciclo de assassinatos e iniciar um processo político com a liderança palestina".
Entretanto, um porta-voz das forças de defesa de Israel (IDF), o contra-almirante Daniel Hagari, disse que o acordo não afetará o principal objetivo dos militares de eliminar o Hamas. "O objetivo de devolver os reféns é significativo. Mesmo que resulte, saberemos como restaurar as nossas conquistas operacionais", disse Hagari, citado pela imprensa.
Mas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, reiterou esta terça-feira a oposição do governo Biden a que Israel expanda a sua incursão militar no sul de Gaza, a menos que demonstre como pretende proteger os civis palestinianos cuja evacuação ordenou desde o início da guerra. Kirby disse que Israel deve ter "um plano claramente articulado de como vão proteger as vidas das centenas de milhares de pessoas que foram convidadas a sair pelos israelitas”.
Bem longe dali, a China voltou a apelar à promoção da paz através do desenvolvimento de medidas abrangentes. “A realização de um desenvolvimento básico, inclusivo e sustentável é a base para garantir a paz e a prosperidade a longo prazo”, disse o representante permanente da China na Organização das Nações Unidas, Zhang Jun.
Já o presidente chinês, Xi Jinping, que participou esta terça-feira na cimeira especial do BRICS sobre a questão Palestina-Israel, disse que é muito oportuno que os países do grupo emitam uma voz de justiça e paz sobre o assunto. E insistiu na convocação de uma conferência internacional o mais rapidamente possível para alcançar o consenso e promover uma solução rápida sobre a guerra.
Também presenta na cimeira, o presidente russo disse que a comunidade internacional deve unir forças para encontrar uma solução política para o conflito. "A posição da Rússia é consistente e não muda com a situação. Instamos a comunidade internacional a unir forças para aliviar as tensões, garantir um cessar-fogo e encontrar uma solução política para o conflito israelo-palestiniano”.
O líder russo enfatizou a necessidade de alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio e evitar que o conflito alastre. "Em geral, garantir um cessar-fogo sustentável e de longo prazo é certamente o objetivo mais urgente", observou Putin, citado pela agência TASS. "É importante impedir que outros países sejam arrastados para a guerra no Médio Oriente”.