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Israel deixa cair qualquer intenção de negociar cessar-fogo e salvar os reféns

Os comandantes das FDI em Gaza dizem que a recente decisão de operar na parte norte da Faixa foi tomada sem as devidas deliberações e aparentemente visa pressionar os civis na área a regressarem ao sul.

De acordo com altos responsáveis ​​do exército de defesa de Israel (IDF) citados pelo jornal israelita “Haaretz”, o governo israelita deixou de tentar relançar as conversações sobre reféns e está a pressionar para a anexação gradual de grandes partes do território da Faixa de Gaza. Prova disso reside no facto de, por um lado, o executivo liderado por Benjamin Netanyahu ter sempre colocado um entrave adicional ao longo de meses de negociações, que se revelaram completamente infrutíferas; e, por outro, estar a tentar remover a população palestiniana do norte de Gaza, mais uma vez rumo ao sul, num ‘vai-e-vem’ que parece interminável.

Em debate longe dos holofotes públicos, diz o jornal israelita, os citados responsáveis ​​dizem que a possibilidade de chegar a um acordo sobre os reféns parece reduzida. Uma das razões apontadas é que desde que as negociações foram suspensas, não houve qualquer discussão entre os intervenientes internacionais nelas envolvidos. Ou seja, Estados Unidos, Qatar e Egipto terão chegado à conclusão que estavam pura e simplesmente a perder tempo. Além disso, refere ainda o jornal, os líderes políticos de Israel não mantiveram quaisquer discussões com os vários ramos da segurança interna sobre a condição dos reféns – dando razão aos que afirmam que o lado extremista do executivo, que foi desde sempre contra quaisquer negociações com o Hamas, ganhou a contenda interna aos moderados.

Os comandantes do exército no terreno que falaram com o Haaretz dizem que a recente decisão de lançar operações no norte de Gaza foi tomada sem qualquer discussão aprofundada sobre a matéria. Nesse contexto, as operações parecem ter como única finalidade pressionar os residentes locais e criar ali uma espécie de zona-tampão que afaste o mais possível os palestinianos dos seus vizinhos.

É possível, refere ainda o jornal, que a operação esteja a lançar as bases para uma decisão governamental de colocar em prática o chamado ‘plano de rendição’ do major-general (na reserva) Giora Eiland. Este plano prevê que todos os residentes do norte de Gaza sejam evacuados para zonas humanitárias no sul – quem decidir ficar será classificado como elemento do Hamas e por isso passíveis de serem alvos militares legítimos (na ótica de Israel).

As IFD lançaram a atual operação no norte de Gaza após o fracasso da última ronda de conversações sobre os reféns e o cessar-fogo. O fim das negociações parece ter imposto uma nova decisão do Hamas: emitiu ordens aos seus combatentes para impedirem a todo o custo as operações de resgate israelitas, incluindo a execução de reféns caso as tropas se aproximassem.