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Israel defende-se no Líbano e ataca no Cairo

O Hezbollah realizou um ataque em forma a Israel, que foi anulado pelas forças do Estado hebraico. Entretanto, no Cairo continuam negociações aparentemente infindáveis e inúteis para um cessar-fogo em Gaza.

Parecem mundos separados mas não são: ao mesmo tempo que toma parte nas negociações para um cessar-fogo que impeça a escalada do conflito em Gaza para a configuração de uma guerra regional com o Irão, Israel ataca as posições do Hezbollah, ‘convidando’ Teerão a ripostar. Jerusalém afirma que o ataque ao território libanês se limitou a antecipar um ataque que o grupo radical patrocinado pelo Irão iria realizar a instalações militares do Estado hebraico.

Para todos os efeitos, as forças de defesa de Israel (IDF) disseram este domingo que irão continuar os ataques às posições do Hezbollah no sul do Líbano até acabarem com a sua eficácia no bombardeamento do norte de Israel. É o outro lado do conflito aberto em 7 de outubro – e que, precisamente, envolve o perigo agravado de a partido daquela fronteira começar uma guerra regional.

O próprio presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, alertou os Estados Unidos sobre os perigos de um grande conflito no Líbano. Charles Quinton Brown, líder do Estado-Maior Conjunto, chegou ao Egipto horas depois de uma significativa troca de mísseis entre Israel e o Hezbollah, o que levou o gabinete de El-Sisi a afirmar que a comunidade internacional precisa de “exercer todos os esforços e intensificar as pressões para aliviar a tensão e interromper o estado de escalada que ameaça a segurança e a estabilidade de toda a região”. El-Sisi alertou para o perigo de ser aberta uma nova frente no Líbano e enfatizou a necessidade de preservar a estabilidade e a soberania do Líbano, dizia um comunicado do gabinete, que avançava que Brown foi devidamente alertado para o assunto.

Por seu turno, o primeiro-ministro de Israel disse que o seu país tomou medidas preventivas contra o Hezbollah e que as defesas aéreas intercetaram todos os foguetes e drones lançados contra Israel. Netanyahu disse que os líderes do Hezbollah e do Irão devem saber que a resposta é “mais um passo para mudar a situação no norte e devolver aos residentes a segurança”. “Este não é o fim da história”, acrescentou – sem que se perceba bem onde quereria chegar.

Recorde-se que todas estas movimentações – o ataque do Hezbollah e a investida de Israel no Líbano – são uma retaliação face ao assassinato de Fuad Shukr (chefe militar do grupo libanês) em 30 de julho passado. “Reafirmamos que a resposta iemenita está inevitavelmente a chegar, e os próximos dias e noites e o campo de batalha provarão isso”, referia entretanto um comunicado do grupo que combate no Iémen e que é também apoiado pelo Irão.

Entretanto, no Cairo, capital do Egipto, os negociadores voltaram a encontrar-se. Israel queixa-se de que os Estados Unidos pressionam para que Jerusalém dê a entender que não está interessada numa guerra mais ampla. A delegação israelita era liderada pelo chefe do Mossad, David Barnea, e pelo diretor do Shin Bet, Ronen Bar. Mas, ali, Israel mantém-se irredutível na sua posição, o que, para a maioria dos analistas, está a bloquear qualquer possibilidade de se chegar a um acordo. É um ataque diplomático de que o governo israelita não quer abrir mão.

As negociações concentram-se principalmente nas exigências israelitas em relação a uma presença militar ao longo da fronteira de Gaza com o Egipto, o Corredor Philadelphi. Tanto o Egipto quanto o Hamas rejeitam essa presença. Os Estados Unidos estão a pressionar Israel para fechar um acordo a fim de evitar uma guerra regional – que seria desastrosa para as pretensões democratas de ganhar as eleições norte-americanas em novembro.

De qualquer modo, as negociações seguem no sentido de anular as promessas do Irão de vingar o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão no mês passado, que atribuiu a Israel. Na sexta-feira, um porta-voz da Casa Branca disse que houve progressos nas negociações, mas uma autoridade palestiniana próxima ao esforço de mediação disse à Reuters no sábado que os dois lados permanecem muito distantes um do outro. “As negociações no Cairo não fizeram nenhum progresso. Israel insiste em manter oito posições ao longo do corredor Philadelphi, e as autoridades palestinianas não aceitam”. Benjamin Netanyahu insiste nessa presença – uma faixa de segurança de 14 km que separa o Egipto de Israel e da Faixa de Gaza – vital para impedir que o Hamas se renove.