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Israel convoca 50 mil reservistas antes da ofensiva iminente em Gaza

Fonte militar anuncia a convocação de milhares de soldados na reserva, o que indica que a nova operação em Gaza está para breve. E que os esforços para um cessar-fogo não serão aceites pelo governo israelita.

Israel prepara a convocação de 50 mil reservistas para serem incorporados no exército regular, o que indica que a planeada ofensiva para tomar a Cidade de Gaza está a aproximar-se. Aparentemente, os reservistas servirão como força de apoio, uma vez que a maioria do contingente que operará no maior centro urbano da Faixa de Gaza será composta por soldados ativos, disse uma autoridade militar israelita esta quarta-feira, citada pelas agências internacionais.

Os avisos de convocação devem ser enviados nos próximos dias, com os reservistas a terem de se apresentar ao serviço em setembro, disse a mesma fonte. “A maioria das tropas que serão mobilizadas nesta nova etapa será ativa e não reservistas", acrescentou o responsável, que falou sob anonimato. Os reservistas convocados podem estar na Força Aérea, na inteligência ou em funções de apoio, ou substituir soldados ativos estacionados fora de Gaza.

Fica assim claro que os esforços para um cessar-fogo, que o Hamas já aceitou – e que foi proposto pela dupla Qatar-Egipto – não estão a ser contemplados como opção pelo governo de Benjamin Netanyahu, confirmando assim indicações de que o primeiro-ministro, aconselhado pela ala mais extremista do governo, não estaria disponível para aceitar a proposta.

Entretanto, Israel entrou nos primeiros estágios do ataque planeado à Cidade de Gaza após um confronto com o Hamas e já controla os arredores da cidade, disse a porta-voz militar israelita, Effie Defrin, em declarações citadas pela imprensa do Estado hebreu. As Forças de Defesa de Israel (IDF) adiantaram que uma célula de pelo menos 18 agentes do Hamas tentou invadir um acampamento militar israelita na área de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na manhã desta quarta-feira, um incidente pouco comum que parece ser um precursor do aumento da ação militar de Israel. Os militares informaram que os homens armados do Hamas tentavam sequestrar soldados. De acordo com uma investigação militar, o ataque começou por volta das 9h da manhã, com os agentes do Hamas saindo de um túnel no sul de Khan Younis e abrindo fogo com metralhadoras e morteiros enquanto se aproximavam do acampamento do exército. Alguns dos homens armados conseguiram invadir o acampamento, onde trocaram tiros com tropas da Brigada Kfir. Pelo menos dez palestinianos foram mortos e oito conseguiram fugir de regresso ao túnel.

"As tropas identificaram mais de 15 terroristas que emergiram de um túnel e abriram fogo contra as nossas forças", disse Effie Defrin. “No mesmo incidente, vários terroristas entraram num prédio onde estavam as nossas forças e foram eliminados.” A ala militar do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, assumiu a responsabilidade pelo ataque em comunicado, alegando que os seus homens armados "invadiram o local" e realizaram um atentado suicida. “Vários combatentes invadiram as casas e acabaram com vários soldados da ocupação à queima-roupa com armas leves e granadas de mão”, afirmou o Hamas, apesar de não haver relatos de soldados israelitas mortos no incidente. A ala militar do Hamas disse que o ataque "durou várias horas", embora, de acordo com a investigação da IDF, o incidente tenha sido concluído em menos de uma hora.

O incidente de quarta-feira marcou um caso raro de uma célula a tentar atacar um posto das IDF e ocorreu enquanto as forças israelitas se preparam para a grande ofensiva contra o Hamas na Cidade de Gaza.

Entretanto, os Estados Unidos continuam, nos bastidores, a apoiar Israel: a administração Trump sancionou quatro funcionários do Tribunal Penal Internacional (TPI) que, segundo a Casa Branca, estão envolvidos nos esforços "para investigar, prender, deter ou processar cidadãos dos Estados Unidos ou de Israel, sem o consentimento de nenhuma das duas nações". Washington tem vindo a criticar o TPI depois de este ter anunciado planos para investigar e, em seguida, emitir mandados de captura para líderes israelitas acusados de cometer crimes de guerra em Gaza.

No início deste ano, o governo norte-americano anunciou sanções contra o procurador do TPI, Karim Khan, que impôs os mandados de detenção contra o primeiro-ministro israelita Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant. Sancionou ainda quatro juízes do TPI.

As novas sanções norte-americanas têm como alvo Kimberly Prost, do Canadá, Nicolas Guillou, de França, Nazhat Shameem Khan, das Ilhas Fiji, e Mame Mandiaye Niang, do Senegal, informou o Departamento de Estado norte-americano em comunicado. “Os Estados Unidos têm sido claros e firmes na sua oposição à politização, ao abuso de poder, ao desrespeito pela nossa soberania nacional e à ilegítima interferência judicial do TPI”, afirmou. “O Tribunal é uma ameaça à segurança nacional que tem sido um instrumento de guerra jurídica contra os Estados Unidos e contra o nosso aliado próximo, Israel”.