A Austrália está a fazer uma revisão de todas as 66 licenças de exportação militar para Israel – aprovadas antes dos acontecimentos que tiveram lugar a partir de 7 de outubro do ano passado – no sentido de detetar irregularidades no cumprimento das suas obrigações internacionais, inclusivamente no que diz respeito aos direitos humanos. A notícia, dada pelo jornal britânico “The Guardian”, esclarece que o Ministério da Defesa australiano está a avaliar a situação. “À medida que as circunstâncias no Oriente Médio evoluem, a Austrália continua a examinar as licenças de exportação pré-existentes para Israel para garantir que elas se alinhem com a nossa abordagem calibrada”, disse ao jornal uma fonte do ministério.
A revisão das licenças acontece após um pedido do Centro Australiano de Justiça Internacional ao ministro da Defesa, Richard Marles, para que o governo decidisse a anulação de todas as licenças de exportação atuais para Telavive e para outros países que possam posteriormente disponibilizá-las a Israel. A Austrália disse que não forneceu armas ou munições a Israel desde o início da guerra, e continua a manter essa posição, mas o governo federal tem sido criticado por não ser transparente sobre o que cada licença cobre.
A Austrália emitiu 247 licenças relacionadas com Israel desde 2019, das quais 66 permanecem ativas, de acordo com autoridades. Os Verdes, o terceiro maior partido político da Austrália, exigiram o fim de todo o comércio militar com Israel como forma de acabar com qualquer “encorajamento do genocídio” que Israel está, na sua ótica, a realizar em Gaza. Mas o governo do primeiro-ministro Anthony Albanese rejeitou a ideia de encerrar os contratos com empresas israelitas que fornecem bens para uso das forças armadas australianas e da polícia.
O Centro Australiano de Justiça Internacional saudou a revisão, dizendo que é o resultado da pressão sustentada do movimento de protesto e do público para cortar as exportações para o estado “pária”. “Nos últimos 12 meses, o governo australiano foi notificado pela CIJ, pelo TPI, pelos órgãos da ONU e por inúmeras organizações internacionais sobre o longo catálogo de violações do direito internacional por Israel. Estamos a pedir um embargo total de armas, sem importações, sem exportações, sem transferências”, disse o centro em comunicado.
Entretanto, o presidente turco, Recep Erdogan, continua a agitar a diplomacia internacional na defesa dos palestinianos. Recebeu em Ancara recebeu o chanceler alemão Olaf Scholz, ao mesmo tempo que o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, recebia o seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi. Um dos principais tópicos das negociações foi o conflito Palestina-Israel e a sua expansão para o Líbano.
Ao contrário das severas críticas da Turquia ao governo de Netanyahu, a Alemanha continua a ser um forte defensor de Israel. A tese do chanceler Scholz é que o seu governo tem responsabilidade especial pela segurança de Israel devido ao passado nazi do país e aos crimes cometidos contra judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Mas os críticos dizem que o apoio geral da Alemanha ao governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, está a minar a sua credibilidade no exterior.
Erdogan recordou que a Turquia se juntou a outros países para o pedido apresentado ao Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) sobre o assassinato de crianças, mulheres e idosos por Israel na Palestina. O presidente turco também destacou o perigo da expansão do conflito. “É claro que Israel, sob a liderança de Netanyahu, não pretende limitar esta guerra – que já entrou numa fase de expansão.
Do seu lado, o ministro das Relações Exteriores alertou para que o risco de os ataques de Israel se espalharem pela região “não deve ser subestimado”. “Estamos no meio de uma tensão que pode ter repercussões globais sérias”, disse durante uma conferência de imprensa conjunta com Abbas Araghchi, em Istambul. O ministro turco também reuniu com delegados do Hamas, com quem discutiu formas de fornecer mais ajuda humanitária aos habitantes de Gaza e criar mobilização internacional.
Abbas Araghchi, disse que o Irão é a favor da paz. “A propagação da guerra na região é uma séria ameaça; somos a favor da paz, mas também estamos preparados para qualquer cenário”, disse. “Todos os países, especialmente as nações islâmicas, devem usar todos os meios à sua disposição para deter a máquina de guerra” de Israel.