Ciente de que o tempo da luta armada já não é este, Isabel do Carmo faz uma viagem pela Europa do final do século passado, numa altura em que alguns países, nomeadamente os mais desenvolvidos, passaram pelo convívio com grupos de guerrilha urbana. É uma parte da história da Europa que quase não tem voz – como se nunca tivesse existido – e a pouca que tem está entrincheirada num canto de desinformação e desconhecimento. Nesta fase em que a democracia formal parece estar a chegar ao fim da sua própria história e os grupos ‘ilegacionistas’ ganham adeptos e implicam diretamente no desenrolar da vida política do continente, conhecer-lhes os antecedentes é uma ‘obrigação’. Uma obra cheia de surpresas e de revelações inesperadas, apresentada, possivelmente por mera coincidência, no dia em que passam 47 anos sobre a data em que a ARA, uma organização criada pelo PCP como se fosse uma espécie de obrigação dos tempos que corriam, efetuou a sua primeira ação: o ataque ao Cunene, um navio ao serviço da guerra colonial – que foi uma das principais causas do surgimento dos grupos armados em Portugal.