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Isabel Capeloa Gil: reitora da Católica com CV recheado

Isabel Capeloa Gil tem um currículo de fazer inveja a qualquer um e ainda mais quando analisadas as suas crenças para a Educação. A Forbes Portugal distingue a reitora da Universidade Católica Portuguesa nesse mesmo ranking.

Não fez história de primeira viagem, mas nem isso faz com que Isabel Capeloa Gil perca a motivação para o que a faz feliz. Atual reitora da Universidade Católica Portuguesa, cargo que ocupa desde 2016 e se tornou a segunda mulher da história a alcançar, é a segunda mais poderosa do ranking da revista Forbes Portugal na categoria de Educação e Ciência, totalizando 66 pontos.

Isabel Capeloa Gil é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Estudos Alemães pela mesma instituição de ensino. Ainda em termos de ensino próprio, frequentou a Ludwig Maximilian Universität, em Munique (Alemanha) e a Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Ainda no seu currículo escolar é possível encontrar que obteve o doutoramento em Estudos Alemães na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa no ano de 2002, antes de se ter tornado diretora da instituição (2005-2012) e vice-reitora (2012-2016).

A título pessoal, possui duas formações académicas da Harvard Business School, de 2017 e 2021. A par da reitoria, é professora catedrática de Estudos de Cultura da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa.

Em 2018, Isabel Capeloa Gil tornou-se a primeira mulher a assumir a presidência da Federação Internacional das Universidades Católicas, cargo que ainda hoje ocupa e está previsto ocupar até 2025.

Entre o seu trabalho, reconhece-se o facto de ter sido membro do conselho consultivo da Fundação Calouste Gulbenkian durante três anos, entre 2019 e 2022. Desde 2018 que é membro do Conselho Europeu para Relações Internacionais.

Tem mais de 150 artigos científicos e obras publicadas, com o seu trabalho a recolher diversos elogios. Desde julho do ano passado que é presidente do Conselho Estratégico de Investigação e Inovação da Confederação Empresarial de Lisboa (CIP).

Uma das suas maiores curiosidades pessoais será que fala cantonês, idioma que aprendeu quando se mudou aos sete anos de idade para Macau, como forma de se relacionar com os colegas. Apesar de ter nascido em Mira, cresceu em Macau, onde o pai foi colocado em trabalho (era da Marinha).

Viveu em Macau durante o 25 de Abril, Guerra do Vietname e morte de Mao Tsé-Tung. Regressou a Portugal algures em 1981, quando somava 16 anos. À revista "Executiva", Isabel Capeloa Gil admite que viver 10 anos em Macau foi "verdadeiramente marcante para a modelação da minha visão do mundo". Foi precisamente no encontro do Ocidente e China (como muitas vezes descreve Macau) que Isabel Capeloa Gil aprendeu "a lidar com a diferença, com a diversidade e a sentir que não fazia parte de uma maioria cultural", uma vez que os portugueses eram uma minoria ética durante o período de administração lusa.

É nesta mesma entrevista que Isabel Capeloa Gil mostra um bocado das suas crenças em relação ao ensino, nomeadamente ao português. "O nosso ensino secundário obriga os jovens a fazer escolhas, que são determinantes para a sua vida, quando têm apenas 15 anos. Não é a altura certa para o fazer, por isso é natural que tenham muitas dúvidas. Se é normal tê-las com 18 quando se escolhe o curso superior, ainda mais é aos 15 quando é preciso decidir entre Ciências e Tecnologias, Línguas e Humanidades ou Ciências Socioeconómicas", contou.

"Defendo que os jovens devem escolher aquilo que quiserem, porque depois encarregam-se de formar a carreira no sentido das suas competências e possibilidades". Isto porque existe alguma pressão familiar para escolher Ciências Naturais ou Economia e mesmo assim escolheu Humanidades, Línguas e Literaturas. Hoje, o seu caminho pessoal encaminhou-a para a gestão e para si está tudo correto porque foi o caminho que a sua carreira formou.

Admite ter feito sacrifícios pela sua vida profissional, e que isso a motiva para contribuir (ainda mais) para formar mais mulheres para cargos de liderança.

Uma das suas maiores conquistas à frente da Universidade Católica Portuguesa foi a criação da Faculdade de Medicina, que a própria considera ter sido "importantíssimo para o sistema do ensino superior em Portugal". Embora admita ser um projeto com 30 anos de existência - entre saltar do papel para a realidade -, lembra que tomou a decisão de avançar com o projeto por ser algo "transformador para a Universidade, que lhe traz valor, e que também traz valor para o país. Podemos ser um hub de formação médica de qualidade para portugueses e para estudantes internacionais, em vez de continuarmos a enviar portugueses para fazer o curso no estrangeiro".

Para rematar, o seu perfil não ficaria concluído sem acrescentar que, em 2022, foi nomeada pelo Papa Francisco como consultora do Dicastério para a Educação e Cultura da Santa Sé, um cargo que poucos têm a honra de ter no seu currículo.