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Irão estuda resposta a Israel e pede reunião na ONU

Governo iraniano avalia opções sobre a resposta aos ataques israelitas da passada sexta-feira e pede uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, onde sabe que tem aliados de peso.

As autoridades iranianas devem determinar a melhor forma de demonstrar o poder do Irão a Israel após o ataque israelita ao território do Irão – nomeadamente à capital, Teerão –, disse o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, segundo a agência de notícias oficial iraniana IRNA. "O mal cometido pelo regime sionista há duas noites não deve ser minimizado nem exagerado", disse Khamenei.

O Irão disse no sábado que o ataque aéreo noturno de Israel contra alvos militares iranianos causou apenas danos limitados, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu mais uma vez o refrear dos ânimos entre todos, para que não haja uma guerra total no Médio Oriente.

Khamenei disse que o poder do Irão deve ser demonstrado a Israel, acrescentando que a forma de o fazer deve ser "determinada pelas autoridades e o que é do melhor interesse do povo e do país".

Também este domingo, o parlamento iraniano reuniu à porta fechada para discutir uma resposta ao ataque de Israel. Segundo as mesmas fontes, o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, ex-general da Guarda Revolucionária Islâmica, presidiu às deliberações, mas o parlamento tem influência limitada. Será Ali Khamenei, todos o sabem, a decidir o que o Irão vai fazer. De qualquer modo, depois das eleições deste ano, uma maioria de radicais domina o parlamento.

De acordo com a IRNA, Ghalibaf disse que uma resposta militar do Irão ao ataque israelense era certa, embora a tenha descrito como "passiva" e, portanto, relativizado a sua escala. Ghalibaf referiu-se ao direito de autodefesa de acordo com a Carta das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, enfatizou a necessidade de um cessar-fogo no Líbano e na Faixa de Gaza.

Fotos de satélite analisadas pela Associated Press mostram que o ataque israelita danificou instalações numa base militar secreta, a sudeste da capital iraniana, que especialistas ligam ao antigo programa de armas nucleares de Teerão. Outra base ligada ao programa de mísseis balísticos também terá sido atingida por Israel.

Alguns dos edifícios danificados ficam na base militar iraniana de Parchin, onde a Agência Internacional de Energia Atómica suspeita que o Irão tenha realizado testes de explosivos para uma arma nuclear. Danos podem ainda ser vistos na base militar de Khojir, que analistas acreditam esconder um sistema de túneis subterrâneos e locais de produção de mísseis.

Os militares do Irão não reconhecem os danos em Khojir ou Parchin, embora tenham dito que o ataque matou quatro soldados iranianos que trabalhavam nos sistemas de defesa aérea do país.

O primeiro-ministro israelita, Netanyahu, insistiu este domingo que os ataques de Israel "prejudicaram severamente" o Irão e que a barragem "atingiu todos os seus objetivos".

Entretanto, a pedido do Irão e com o apoio da China e da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de urgência esta segunda-feira para discutir a situação no Médio Oriente, anunciou a presidência suíça daquele órgão. A reunião vai ter lugar às 15h00 de Nova Iorque (19h00 em Lisboa), e o pedido feito pelo Irão é apoiado pela Argélia, pela China e pela Rússia, disse a presidência aos jornalistas, citada pela AFP.

O chefe da diplomacia iraniana convocou o encontro com urgência para condenar os ataques israelitas de sábado contra a República Islâmica do Irão.