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“Investimento estrangeiro não tem feito alterações significativas”

O investimento estrangeiro que tem entrado em Portugal recentemente não tem feito nenhuma alteração significativa na nossa estrutura produtiva. Nenhuma.

O dinheiro da UE a que vamos ter acesso poderá servir como catalisador de mais investimento estrangeiro concretizável em Portugal? Poderá servir de plataforma para continuarmos um trabalho já desenvolvido, atraindo mais projetos como os da Mercedes e da BMW, e das empresas que vieram para Portugal em áreas de muito alta tecnologia?
O investimento estrangeiro que tem entrado em Portugal recentemente não tem feito nenhuma alteração significativa na nossa estrutura produtiva. Nenhuma. Entraram investimentos para call centres… Mais: grande parte do investimento tem pouco ativo fixo, e portanto precisamos de atrair dinheiro estrangeiro diferente do que temos atraído. Hoje em dia, raramente o investimento estrangeiro faz uma fábrica nova. Aquilo que aconteceu com a Autoeuropa já é raro. As fábricas, com robotização, estão a regressar ao seu território original. Se a AutoEuropa fechar, os carros que lá são produzidos passam a ser fabricados na Alemanha. Grande parte do investimento internacional é feito em parceria com as empresas locais. Há grupos com alguma dimensão onde essas parcerias são úteis e funcionam. O facto de nós termos empresas muito pequenas também impede o bom investimento internacional, porque um investidor internacional que queira investir numa área da cerâmica, mas que gostava de ter um parceiro nacional e que não encontra nenhuma empresa com dimensão para ser esse parceiro, vai procurar outros destinos. O investimento internacional que entra em Espanha é completamente diferente em termos do perfil do investimento internacional que entra em Portugal. E nós temos que alterar rapidamente o perfil desse investimento internacional para atraí-lo para empresas de bens transacionáveis. Nós precisamos é de indústria, não é de serviços. Isto pode parecer uma heresia, mas não podemos continuar a fazer crescer o turismo desta maneira em percentagem do PIB. Isso é perigosíssimo! O turismo na sua globalidade já representa mais de 15% do PIB. É perigoso em termos da estabilidade de um país. Volto a dizer: o cerne da questão, na minha opinião, está no crescimento das empresas. Eu, se fosse ministro da Economia, era esse o meu programa, o programa em que eu apostaria. 

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