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Independentistas preparam ‘assalto’ a Barcelona

Ada Colau, que é a atual presidente da autarquia, não deverá resistir ao cerco da ERC. Mesmo com sondagens a porem independentismo em queda.

“Barcelona não é a capital de uma República que não existe”, disse a alcaidessa da cidade, desapiedadamente, durante a campanha eleitoral para umas eleições que por certo a vão arredar do lugar que ocupa. Líder de uma coligação de esquerda onde estão o Podemos e os comunistas, não favoráveis à secessão com Espanha, Ada Colau deverá ser derrotada pela Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), monitorizada a partir da cela de uma prisão madrilena por Oriol Junqueras.
Ernest Maragall, o candidato da ERC, tem uma pequena vantagem sobre Calau e os últimos dias têm sido de guerra aberta entre ambos, na tentativa de capitalizarem todos os votos possíveis. Queixam-se os restantes candidatos de que os dois favoritos têm apelado ao voto útil – o que, no caso de acontecer, iria pesar decisivamente sobre a candidatura do Partido Socialista da Catalunha, encabeçada por Jaume Collboni.
Uma vitória na cidade iria permitir à ERC tentar reverter aquilo que está neste momento a passar-se em termos de opinião pública: há muitos meses, segundo uma sondagem da própria Generalitat, que os independentistas da Catalunha não perdiam, como acabam de perder, a maioria na autonomia. Ou seja, se houvesse hoje um referendo sobre a independência, o ‘não’ ganharia.
A rejeição da independência aumentou 4,5 pontos nos últimos dois meses e chega agora aos 48,6%, o que, num hipotético referendo, seria suficiente para ganhar ao bloco independentista, segundo uma sondagem realizada pelo ‘insuspeito’ Centro de Estudos de Opinião (CEO) da Generalitat. O ‘sim’ à secessão não iria além dos 47,2%.
A percentagem de cidadãos da Catalunha que se opõem à independência não superava os que preferem separar-se de Espanha desde junho de 2017: pesquisa idêntica realizada em março passado indicava que os não independentistas eram apenas 44,1%.
Entre os inquiridos, 40,4% sentem-se espanhóis enquanto catalães, 26,1% sentem-se apenas catalães, 21,4% mais catalães do que espanhóis, 5,1% apenas espanhóis e 3,1 % mais espanhois que catalães. Por outro lado, 49,3% dos catalães observam como pouco provável que o governo de Madrid consiga oferecer à Catalunha um acordo que seja aceitável para a maioria do Parlamento.
Por outro lado, a sondagem revela que a ERC deverá ganhar as eleições europeias na Catalunha, com estimativas de voto da ordem dos 22,5%, seguido de perto pelo Partido Socialista da Catalunha (22,2%) e o JxCat (de Carles Puigdemont), enquanto o Podemos alcançaria 13,3%, o Ciudadanos apenas 11%, o PP 4,2% e o Vox uns residuais 3,2%.
Mas se o PSOE não consegue ganhar Barcelona, tem como compensação o facto poder vir a contar com uma vitória em Madrid. O último estudo realizado para o “El Pais” indica que Manuela Carmena, candidata de esquerda pelo Más Madrid, consegue alcançar o segundo mandato como presidente da autarquia (com 35,2%). Um eventual apoio do PSOE pode ser o ingrediente que falta, numa corrida onde o bloco de direita seque a par e passo.
O mesmo raciocíno serve para a cidade de Valência, ganha há cinco anos ao PP por uma coligação de esquerda e a que neste ano é possível que o PSOE venha a juntar-se.

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