O Barómetro da Imigração, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, hoje apresentado, tem como principal objetivo auscultar as perceções, opiniões e atitudes da população portuguesa relativamente aos imigrantes: o impacto em áreas como o mercado de trabalho, as contribuições para a Segurança Social e os seus efeitos percebidos sobre o emprego, os salários ou a criminalidade foram alguns dos temas colocados aos inquiridos. Por outro lado, praticamente metade (52%) considera que os imigrantes recebem mais do que contribuem para a Segurança Social.
Relativamente aos direitos dos imigrantes, conclui-se, por exemplo, que a maioria considera que os imigrantes devem poder votar tal como os portugueses (58,8%), que lhes deve ser facilitada a naturalização (51,8%) e que devem poder trazer a sua família para Portugal (77,4%). Sobre o direito de acesso a serviços e apoios sociais, praticamente a mesma percentagem de inquiridos concorda com a ideia de que os imigrantes devem ter os mesmos direitos do que os portugueses (a partir do momento em que chegam ao país).
Para mais de metade dos inquiridos (53,5%), os imigrantes têm condições de vida piores do que as dos portugueses em termos de trabalho e 40,6% considera que têm menos acesso à habitação. No entanto, a maioria dos cidadãos sente que imigrantes e portugueses estão numa situação de igualdade relativamente a acesso a serviços de saúde, acesso à justiça e acesso à educação.
A sociedade portuguesa é também favorável à atribuição de direitos aos imigrantes, por exemplo, a maioria considera que os imigrantes devem poder votar tal como os portugueses, que lhes deve ser facilitada a naturalização ou que devem poder trazer a sua família para Portugal;
Imigração vista como uma ameaça
No entanto, os inquiridos parecem ter sentimentos antagónicos em relação à imigração: grande parte considera-a mais como uma ameaça do que como uma oportunidade. Do ponto de vista das ameaças, 51% olha para os imigrantes como uma ameaça simbólica, ou seja, que empobrecem os valores e tradições portuguesas, percentagem que quase duplicou em comparação com 2010. Além disso, mais de dois terços dos inquiridos acham que os imigrantes contribuem para o aumento da criminalidade (67,4%) e para manter os salários baixos no país (68,9%).
Por outro lado, e de forma muito semelhante ao registado em 2010, uma significativa maioria defende que os imigrantes devem regressar aos seus países se não tiverem trabalho (78%) ou se cometerem algum tipo de crime (82%).
Os resultados indicam que o grupo de imigrantes com maior oposição são os provenientes do subcontinente indiano, com quase 2/3 dos inquiridos a defender que o número de imigrantes oriundos desta região deve diminuir. Já os dos países ocidentais são os que enfrentam menor oposição. Também mais de dois terços pensam que os imigrantes contribuem para o aumento da criminalidade (67,4%) e que contribuem para manter os salários baixos no país (68,9%);
Outra das questões que este barómetro quis compreender é se existe alguma relação entre a posição dos inquiridos no espectro político e as suas opiniões sobre a imigração e os imigrantes. Os resultados indicam uma clara associação. Em concreto, verificou-se que um posicionamento mais à direita está relacionado com uma maior oposição à imigração, sobretudo em relação a imigrantes de países africanos e do subcontinente indiano.
O estudo também permitiu apurar que as pessoas que estão mais satisfeitas com o regime democrático português opõem-se menos à vinda de imigrantes, são menos favoráveis a políticas de imigração rígidas e defensoras da atribuição de direitos aos imigrantes.