O grupo Cofina recebeu na sexta-feira as propostas finais para a compra da sua unidade de comunicação social, a Cofina Media, que detém o "Correio da Manhã", a CMTV, o "Jornal de Negócios" e a "Sábado", entre outras publicações. De acordo com um comunicado divulgado no site da CMVM, a proposta apresentada pelo grupo de quadros liderado por Luís Santana, supera a melhor oferta da Media Capital em cerca de 800 mil euros. A decisão final será tomada pelo conselho de administração e pela assembleia-geral do grupo, estando em larga medida nas mãos dos dois acionistas de referência que ficaram de fora do MBO e que, em conjunto, controlam metade do capital que estará autorizado a votar por não ter conflitos de interesse neste tema: Ana Menéres de Mendonça e Pedro Borges de Oliveira.
Em cima da mesa estão duas propostas de valores muito próximos, No entanto, as ofertas incorporam "mecanismos de apuramento do preço final" e ambas serão analisadas pela administração da Cofina SGPS, que poderá decidir vender ou não a sua unidade de media. A contrapartida oferecida pelos interessados é um dos três critérios que a administração do grupo terá em conta na sua decisão, sendo os outros as condições contratuais propostas e o plano estratégico a implementar pelos potenciais compradores.
A sociedade Expressão Livre SGPS - composta pelo grupo de quadros do grupo que pretende avançar com um management buy out (MBO) e por investidores como Cristiano Ronaldo e três dos atuais acionistas da Cofina SGPS - oferece 56,79 milhões de euros pela Cofina Media, excluindo a dívida. Já a Media Capital oferece 54,5 milhões de euros, também sem incluir a dívida do grupo de media, que ascende a cerca de 40 milhões de euros. Porém, a empresa liderada por Mário Ferreira predispõe-se a cobrir qualquer oferta concorrente que a Cofina tenha recebido até à passada sexta-feira, com um limite de 56 milhões de euros. Desta forma, a melhor oferta da Media Capital fica abaixo da proposta dos quadros do MBO em 790 mil euros.
Ao que o Jornal Económico apurou, a deliberação do conselho de administração será depois sujeita à ratificação pela assembleia-geral da Cofina SGPS, não estando ainda definido o calendário para este processo.
Decisão estará nas mãos de dois acionistas que controlam 30% da Cofina SGPS
O grupo de quadros liderado por Luís Santana conta com as participações de três grandes acionistas da Cofina, que são também membros do conselho de administração do grupo: Paulo Fernandes (dono de 13,88%), Domingos Matos (12%) e João Borges de Oliveira (15%). Por serem partes interessadas na operação, estes três acionistas que em conjunto controlam 40% da Cofina SGPS ficarão impedidos de participar nas votações que tiverem lugar no conselho de administração e na assembleia-geral do grupo.
Recorde-se que num comunicado ao mercado divulgado no passado dia 28 de julho, que confirmava a existência de dois interessados em comprar a Cofina Media, a Cofina SGPS esclareceu que "os administradores da Cofina que são, simultaneamente, subscritores da Oferta MBO estão, na medida em que se encontrem em conflitos de interesses, impedidos de aceder a informação e de participar ou interferir em qualquer deliberação não só em relação à Oferta MBO como em relação a qualquer oferta que possa ser considerada concorrente, como é o caso da Oferta Media Capital".
Também os elementos do MBO que integram a comissão executiva da subholding Cofina Media (Paulo Fernandes, João Borges de Oliveira, Luís Santana e Ana Dias) ficam impedidos de se pronunciar sobre a operação.
Tal significa que a decisão ficará nas mãos dos outros dois acionistas de referência da Cofina SGPS, que, juntamente com Laurentina Martins, são também os únicos elementos do conselho de administração do grupo que ficaram de fora do MBO: Ana Menéres de Mendonça e Pedro Borges de Oliveira (irmão do acima referido João Borges de Oliveira), que detêm, respetivamente, 19,98% e 10,02% do capital do grupo.
Em conjunto, estes dois acionistas controlam 30% do capital e, na assembleia-geral que será convocada para ratificar a decisão do board, vão representar pelo menos 50% do capital com direito a voto. Uma vez que a participação na assembleia dificilmente será de 100% do capital autorizado a votar, estes dois acionistas passam a ser maioritários e, se votarem no mesmo sentido, serão decisivos para o desfecho da operação. Recorde-se que Ana Menéres de Mendonça e Pedro Borges de Oliveira são parceiros de Paulo Fernandes, Domingos Matos e João Borges de Oliveira em outros negócios, como é o caso da Altri.