A empresa de energias renováveis Greenvolt registou um prejuízo de 2,7 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, o que contrasta com o lucro de 300 mil euros registado em idêntico período de 2023, mas prevê uma “melhoria significativa” nos próximos trimestres, com a contribuição da rotação de ativos, com quatro negócios já em curso.
Em comunicado divulgado através da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Greenvolt explica o prejuízo com os “preços baixos da eletricidade no Reino Unido, penalizando o segmento da Biomassa, e ausência de operações de rotação de ativos no Utility Scale, já esperada”.
“Os resultados registados neste primeiro trimestre não são representativos das expectativas da Greenvolt para o conjunto de 2024. Antecipamos uma melhoria significativa da atividade, bem como da rentabilidade ao longo dos próximos trimestres, desenvolvendo a nossa carteira de projetos ao mesmo tempo que concretizamos a estratégia de rotação de ativos com que nos comprometemos com os nossos stakeholders”, refere o CEO da empresa, João Manso Neto, no comunicado.
No primeiro trimestre do ano, a Greenvolt não registou qualquer rotação de ativos, mas assinala que tem, atualmente, quatro portfólios em processo e venda, dois dos quais já têm propostas vinculativas e os outros dois têm licitantes preferenciais. Totalizam mais de 400 Megawatts (MW) de capacidade de produção e os negócios serão fechados este ano.
O objetivo da empresa é alienar, este ano, cerca de 500MW de capacidade de produção.
A Greenvolt assinala que tem um total de cerca de 2,9GW de projetos, entre os que estão preparados para desenvolvimento, os que já se encontram em construção, os que estão em operação e os que já se encontram em processo de venda.
No primeiro trimestre, as receitas totais cresceram quase 60%, para 101,6 milhões euros, beneficiando do forte crescimento do segmento de Utility Scale e da Geração Distribuída, “que contrariou o impacto da quebra nos preços da eletricidade no Reino Unido”, que afetou o negócio da Biomassa, refere a empresa.
Os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caíram 21%, para 18,7 milhões de euros, impactado, principalmente, por “preços substancialmente mais baixos no Reino Unido” e fatores de sazonalidade, nomeadamente na Geração Distribuída.
A evolução do segmento de Utility Scale, que representou 63,1% do EBITDA do grupo Greenvolt, foi insuficiente para compensar a quebra na biomassa, “uma vez que não houve rotação de ativos neste trimestre”.
“Após um ano de intensos investimentos e aquisições em 2023, o segmento de Geração Distribuída ainda está em fase de ramp-up e deverá começar a gerar EBITDA positivo em 2024”, afiança a empresa.
Paralelamente, a Greenvolt anunciou a aquisição da totalidade do capital social da Kent Renewable Energy, proprietária de uma central de biomassa com uma capacidade de 28 MW (eletricidade)/25 MWth (calor), “tornando-se num dos mais importantes operadores no setor da biomassa sustentável no Reino Unido”.
O grupo Greenvolt desenvolve a sua atividade em três pilares estratégicos, incluindo projetos Utility Scale (projetos com uma dimensão superior a 10MW), Geração Distribuída (projetos com dimensão inferior a 10MW) e Biomassa.
No Utility Scale, a Greenvolt detém uma carteira de 8,6GW em projetos eólicos, solares fotovoltaicos e soluções de baterias em 16 países. Na Geração Distribuída, a sua “plataforma pan-europeia de autoconsumo” está já em 11 geografias. No segmento da produção de eletricidade a partir de biomassa, está presente em Portugal e em Inglaterra, detendo seis centrais antes da aquisição da central de Kent.
A Greenvolt é controlada pelo fundo norte-americano Kohlberg Kravis Roberts (KKR), que detém 78,9% e lançou uma OPA obrigatória para deter mais e 90% da empresa e excluí-la da bolsa.
“Ao posicionamento único no mercado de energias renováveis, juntamos agora uma robustez financeira ímpar conferida pela KKR”, refere Manso Neto.
“Acreditamos que com este novo acionista teremos um apoio vigoroso para agarrarmos mais e melhores oportunidades de investimento”, conclui.