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Gebalis quer reabilitar 1.600 fogos em Lisboa até ao final do próximo ano

Empresa gere 66 bairros municipais da capital e tem 142 milhões de euros para levar a cabo o programa assinado com a autarquia em 2022. "Não basta ter o dinheiro, é preciso conseguir executá-lo", refere ao JE, Gonçalo Sampaio, administrador da Gebalis.

Um contrato de 142 milhões de euros para dar resposta ao mercado da habitação em 30 bairros municipais de Lisboa. Este é um dos grandes desafios que a Gebalis, empresa responsável pela gestão de 66 bairros municipais da capital e com uma população residente na ordem das 60 mil pessoas, que representa mais de 10% da população de Lisboa tem pela frente até ao final de 2024, ano que coincide com o fim do mandato da atual direção.

"Quando chegámos havia um número de 1.600 fogos na cidade. No ano passado reabilitamos 330; este ano confiamos que vamos conseguir reabilitar 600 e até ao final do próximo ano que é quando termina o nosso mandato concluir a reabilitação de todos estes fogos", refere em entrevista ao Jornal Económico (JE), Gonçalo Sampaio, administrador da Gebalis.

Esta verba foi aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) nos contratos-programa assinados no ano passado, sendo a taxa de execução superior a 99% em relação aos anteriores contratos-programa acordados com a CML, no exercício de 2022. Com este valor será possível  levar a cabo obras de fundo com vista à reabilitação e conservação de edificado em mais 25 bairros, o que se traduz na realização de intervenções em 369 edifícios com impacto em 6.766 fracções, e reabilitação de mais 715 fracções habitacionais.

"É um trabalho em permanência", afirma Gonçalo Sampaio, acrescentando que existem duas realidades no que diz respeito à evolução do parque habitacional na cidade. Em primeiro lugar a renda apoiada, ou seja aquilo que se identifica como bairros sociais, mas que hoje em dia já se fala de bairros municipais. "Aqui o objetivo é recuperar muito do tempo perdido com a reabilitação dos edifícios. O compromisso é devolver a dignidade à habitação municipal", sublinha.

A segunda realidade prende-se com a renda acessível através dos programas da câmara de Lisboa, que vão permitir construir um conjunto de edificados que depois irão transitar para a Gebalis. "São duas realidades distintas, com desafios diferentes e que a empresa vai ter de conseguir gerir", realça Gonçalo Sampaio.

Estes projetos juntam-se, no âmbito do 'Programa Morar Melhor', aos contratos-programa anteriormente assinados, que envolvem a reabilitação de 109 edifícios com 1.978 fogos e a intervenção directa em 830 fogos. Em 2022, foram reabilitados pela Gebalis 327 fogos, e no final do primeiro semestre de 2023 foram concluídas mais 300 reabilitações.

"Os números não mentem. Nunca se investiu tanto na habitação como neste ano e meio. Um contrato de 142 milhões quando nos últimos anos a média era de dez ou 12 milhões de euros. Agora, o grande desafio é a execução. Não basta ter o dinheiro, é preciso conseguir executá-lo. A Câmara Municipal de Lisboa colocou um grande desafio à Gebalis. A grande aposta deste Executivo é a habitação municipal", salienta Gonçalo Sampaio.

Sobre a ausência de habitação para o segmento médio na cidade, o responsável considera que houve muito pouca construção em Lisboa na última década e isso fez a cidade perder um pouco o comboio. "O tempo da construção não é o mesmo tempo das pessoas. Está agora a colocar-se o comboio em andamento e a médio prazo vamos ter maior capacidade de resposta, sendo que ela será sempre limitada e não se vai resolver em pouco tempo este problema", assume.

Gonçalo Sampaio destaca também o Programa Especial de Realojamento (PER) para traçar um paralelismo com o atual pacote do 'Mais Habitação'. "O PER foi um caso de sucesso porque não foi um programa ideológico, foi um programa para resolver um problema. Acho que esse foi o grande mérito e agora passados 30 anos acho que quem está no poder político deve ter a mesma capacidade de procurar mais resolver do que impor soluções mais ideológicas", refere.