A Galp vai dar prioridade a um parceiro para explorar as reservas descobertas na Namíbia que garanta o financiamento da operação e que tenha capacidade para a desenvolver rapidamente, mas manterá uma "participação significativa" no projeto.
A garantia foi dada pelo presidente-executivo da Galp, Filipe Silva, esta terça-feira, 30 de abril, numa conferência telefónica com analistas, depois da apresentação dos resultados da empresa relativos ao primeiro trimestre do ano.
A Galp registou, em janeiro, a descoberta de hidrocarbonetos ao largo da Namíbia, e, a 18 de abril, anunciou que os resultados dos testes feitos apontam para reservas de 10 mil milhões de barris de petróleo equivalente de petróleo no complexo de Mopane, na baía de Orange. Na apresentação de contas, a empresa destacou que foram identificadas "colunas significativas de petróleo contendo petróleo leve em areias de reservatório de alta qualidade".
No seguimento deste anúncio, a Galp valorizou-se 25,9%, com os títulos a fecharem a sessão de 30 de abril nos 2,2 euros. A empresa vale, agora, 15,56 mil milhões de euros e tornou-se a mais valiosa da bolsa de Lisboa, ultrapassando a EDP.
A Galp detém 80% dos interesses neste projeto, mas pretende encontrar um parceiro para reduzir o risco, mas que financie o seu desenvolvimento e garanta a operação.
“[O desenvolvimento da operação da Namíbia] está além das possibilidades e dos meios financeiros da Galp", explicou Filipe Silva aos analistas, apontando que a empresa dará prioridade a um parceiro que garanta o financiamento do projeto e o desenvolvimento rápido da operação.
Garantiu, no entanto, que a Galp manterá "uma participação muito significativa" no projeto.
A Galp apresentou esta terça-feira resultados relativos ao primeiro trimestre, com o lucro consolidado a subir 2,8%, face a igual período de 2023, para 430 milhões de euros, segundo a informação disponibilizada através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Os resultados ajustados de efeitos não recorrentes e do impacto dos custos de substituição de stocks (RCA) subiram 35%, para 335 milhões de euros.
A empresa refere que entregou "um conjunto robusto de resultados, impulsionados por um sólido desempenho no ‘upstream’ [exploração e produção] e na refinação e pela contribuição das atividades de gestão de energia”.
Os resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) aumentaram 13%, para 974 milhões de euros, impulsionados pelo 'upstream', em que cresceram 8%, para 591 milhões de euros.
Este resultado do 'upstream' justifica-se por "níveis de produção resilientes e melhores realizações, beneficiando ao mesmo tempo de uma diminuição dos volumes em trânsito e de efeitos de underlifting [ajustes na quota-parte em projetos de exploração com outros parceiros]".
Ainda assim, a produção caiu 4%, para 116 milhares de barris de petróleo equivalente por dia (kboepd), devido à quebra de 7% na exploração de petróleo no Brasil, explicado por uma maior concentração de paragens para manutenção.
Nas atividades industrial (refinação, logística e cogeração) e 'midstream' (abastecimento, compra e venda, e expedição de petróleo bruto, produtos petrolíferos, biocombustíveis, gás natural, eletricidade e produtos ambientais), o EBITDA RCA 34%, para 314 milhões de euros.
A margem de refinação caiu 16%, para 12 dólares por barril equivalente de petróleo (boe).
O EBITDA RCA da atividade comercial (que incluem a rede de postos de abastecimento) caiu 9%, para 64 milhões de euros, devido à quebra de 5% na venda de produtos petrolíferos, "especialmente nos segmentos B2B em Espanha, embora parcialmente compensado por uma contribuição de apoio dos negócios não combustíveis e de baixo carbono, nomeadamente de conveniência e atividades de gás e energia", refere a empresa.
O EBITDA RCA das operações de energias renováveis caiu 75%, para 9 milhões de euros, impactado por um trimestre "de produção sazonalmente baixa, ainda mais afetado por preços de energia invulgarmente baixos na Península Ibérica".
O investimento líquido totalizou 310 milhões de euros, quase triplicando face aos 109 milhões de euros do mesmo trimestre de 2023, e foi direcionado principalmente para projetos de desenvolvimento e exploração em 'upstream', "nomeadamente para a execução do [campo de petróleo] Bacalhau no Brasil e atividades de exploração na Namíbia, bem como ao arranque das obras de construção da unidade avançada de biocombustíveis em Sines".