A Fusion Fuel registou pela primeira vez receitas no ano de 2023: 4,1 milhões de euros. Já as vendas atingiram 4,7 milhões de euros, com a perspetiva a ser mais positiva para este ano.
Neste momento, a companhia portuguesa cotada em Wall Street conta com vendas fechadas de 7,3 milhões de euros (mais 1,7 vezes face a 2023), e está a negociar mais vendas de 26,7 milhões, incluindo projetos e unidades da sua tecnologia Hevo.
Ao mesmo tempo, os projetos de engenharia vão contribuir com 12 milhões de euros para os 34 milhões, repartidos por dois milhões na venda de equipamentos e 10 milhões na venda de centrais.
Em termos de venda de tecnologia, a empresa diz estar agora focado em projetos sub-10 MW, destacando que fechou dois contratos de 1,25 MW cada para o mesmo cliente em Portugal no final de 2023. Para este ano, o objetivo é entregar seis a sete centrais de hidrogénio verde.
A acção disparou mais de 15%, para 1,9 dólares, em Wall Street durante a tarde de quarta-feira.
Já os custos atingiram 17,6 milhões de euros em 2023, menos 22% face a período homólogo. Para este ano, a empresa espera uma redução de custos entre 9%-20%.
Olhando para o capex, em 2023 foram investidos 4,9 milhões de euros, uma redução de 53% face a 2022, com a expectativa de investir entre 8-10 milhões este ano em automação e em investigação e desenvolvimento.
Numa carta aos investidores divulgada na quarta-feira, a Fusion Fuel reconhece que 2023 foi definido "por desafios e triunfos", entre os quais as "primeiras receitas, as parcerias estratégicas e dois contratos de produção de hidrogénio". No entanto, destaca em particular a "comercialização e vendas iniciais da nossa solução Hevo-Chain, que vai ser um catalista substancial para o crescimento, particularmente olhando para 2024 e além".
O Hevo-Chain é um mini-eletrolisador, uma solução modular que pode ser aplicada em projetos de diferentes escalas do KW ao MW, que, segundo a empresa, pode ser facilmente instalado, a custos competitivos.
Durante a chamada com analistas realizada na quarta-feira, os responsáveis da empresa reconheceram a necessidade de reforçar o balanço, que estava nos 1,2 milhões no final de 2023.
Para angariar dinheiro, a companhia tem estado a vender ações através de um programa at-the-market (ATM), tendo angariado mais de seis milhões de dólares em fevereiro, com um preço médio de venda de ações de 2,73 dólares por papel. A empresa diz que conseguiu vender a preços mais elevados após o anúncio do IPCEI.
"As receitas destas vendas, em conjunto com os fluxos operacionais de subsídios e negócios nos próximos meses, providencia 'ar para respirar' à medida que procuramos reforçar a posição de capital da empresa", segundo a carta.
Os responsáveis também destacaram que fecharam um acordo com os australianos da Macquarie Group para vender até 20 milhões de dólares de notas promissórias convertíveis em ações, se cumpridas certas condições. A primeira tranche de mais de um milhão de dólares deverá ser desembolsada no final do primeiro trimestre de 2024.
Durante a chamada, o CEO, Frederico Figueira de Chaves, destacou a importância do projeto de I&D em Évora e do projeto Exolum de abastecimento de autocarros a hidrogénio em Madrid.
Outros projetos incluem o C-14 com 10 MW e o C-5 com 90 MW que já receberam fundos públicos de 32 milhões de euros através do Plano de Recuperação e Resiliência.
Recorde-se que a empresa recebeu luz verde por parte da Comissão Europeia para o seu projeto de produção de hidrogénio verde em Sines. com o selo IPCEI, tem direito a fundos comunitários para o projeto de 630 MW, com aumento gradual de capacidade.
A companhia sente que este é um marco na sua vida e que tem recebido muito interesse por parte de investidores.
No entanto, o CEO alertou os analistas que este é um processo em evolução e que não deverão apresentar novidades durante "um ou dois trimestres". A Fusion Fuel assume que está à procura de parceiros estratégicos para o projeto, de longo prazo, que visa a exportação de amónia para os Países Baixos para ser consumido na indústria pesada do norte da Europa.
A administração também anunciou que pretende realizar uma assembleia-geral de acionistas a 20 de março com o objetivo de pedir autorização para aumentar o limite de 20% de venda de ações durante um ano-calendário. Depois das vendas em fevereiro ao abrigo do programa ATM, "já não temos muito espaço de manobra perante o limite de 20%". "Continuamos a acreditar que a incerteza sobre a nossa posição de capital é a maior preocupação do mercado e resolver o problema do capital vai melhorar a nossa avaliação de longo prazo em relação aos nossos pares", segundo a carta da administração.
O 'board' garante que tem estado a explorar múltiplas opções para solidificar a "posição de capital, o que pode significar vender ações acima deste limite. É imperativo que a empresa mova-se rapidamente e decisivamente no evento de um aumento de capital ou de uma parceria estratégica", alertando para o risco de "colocar em causa uma transação enquanto esperam pela aprovação dos acionistas".
"Como a gestão e a administração estão entre os maiores acionistas da Fusion Fuel, fiquem assegurados que somos sensíveis ao impacto de diluição que um financiamento significativo teria nos acionistas e estamos motivados para garantir que qualquer oferta de capital que consideremos crie valor significativo de longo prazo para a empresa e os seus acionistas", rematam.