O Fundo de Resolução está em processo de contratação de um assessor financeiro para avaliar a participação do Novobanco e já tem uma short list, apurou o Jornal Económico (JE) junto de fonte conhecedora do processo. Quem for escolhido irá avaliar não só a participação do Fundo de Resolução no banco, que é de 13,5%, como a participação da Direção-geral do Tesouro e Finanças (DGTF), que é de 11,46%. O objetivo é analisar qual a melhor solução para a participação das entidades públicas que, no conjunto, soma 25%.
Já a Lone Star, dona de 75% do Novobanco, contratou o Deutsche Bank AG para orientar as discussões com os potenciais compradores, ao mesmo tempo está também a reunir um sindicato de subscritores para organizar uma possível cotação na bolsa, segundo a Bloomberg.
O valor da participação no Novobanco deverá ser calculado com base em várias metodologias, uma delas levando em conta o capital próprio e resultados líquidos esperados, mas também salvaguardando o cenário de as ações passarem a ser transacionadas em bolsa, caso a oferta pública inicial (IPO, na sigla inglesa) tenha sucesso.
O método do rendimento avalia o valor dos capitais próprios descontando os cash flows disponíveis gerados e disponíveis para o acionista. Depois, há o método do mercado, que determina valores de referência por comparação ou que envolvam transações de empresas semelhantes.
Tal como o JE noticiou, ficou acordado incluir a DGTF no mecanismo de tag along, previsto no acordo parassocial celebrado entre o Fundo de Resolução e a Nani Holdings, em 2017, quando o fundo tinha 25%, que inclui também uma cláusula de drag along. A cláusula tag along estipula um direito de venda conjunta aos acionistas minoritários nas mesmas condições que os acionistas controladores. A cláusula de drag along estipula uma obrigação de venda conjunta. No entanto, se a opção da Lone Star for um IPO, ficou acordado que o Estado não é obrigado a colocar as suas ações no mercado – não se aplicando, neste caso, a cláusula de drag along.
Uma avaliação da PwC ao Novobanco, pedida no primeiro semestre do ano passado, avaliava a totalidade da instituição liderada por Mark Bourke em cinco mil milhões de euros. O Fundo de Resolução mandatou a consultora para avaliar o Novobanco no contexto do “exercício do direito potestativo de aquisição dos direitos de conversão em capital dos ativos por impostos diferidos (DTA)”, criados ao abrigo do regime especial de 2014. A PwC esteve a fazer uma due diligence ao Novobanco com base nas contas de 2023 e chegou ao valor médio das várias metodologias consideradas de cinco mil milhões de euros, tal como o JE noticiou na altura.
A consultora fez a avaliação dos capitais próprios do banco através da aplicação de múltiplos de entidades comparáveis, apurados quer para o ano 2023, quer para os 12 meses antes de 31 de março de 2024, e ainda levou em conta o capital próprio e resultados líquidos esperados para o período de 2024 até 2026, com base nas projeções financeiras da instituição. Também foi aplicado um desconto de 20% devido ao facto de não ser um banco cotado em bolsa, o que prejudica a transacionalidade das ações. No cálculo, a consultora estipulou a liquidez do banco para dividendos, estabilizando o rácio de capital CET1 em 14%. Os três acionistas do Novobanco receberão 1,3 mil milhões de euros quando o banco fizer o primeiro pagamento de dividendos, cabendo às duas entidades públicas um valor de cerca de 325 milhões de euros.