A startup portuguesa Full Venue, que aposta no desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) para a indústria de desporto e eventos, assegurou dois milhões de euros em ronda seed e pretende explorar mercados como o britânico e o norte-americano.
Esta startup nacional está presente em sete mercados a nível global (Portugal, Espanha, Reino Unido, Finlândia, Bélgica, Roménia e Chile) e de acordo com cálculos estimados pelos seus responsáveis, a sua atividade já gerou uma receita de 5,7 milhões de euros para os seus clientes através da sua segmentação de público-alvo com base em IA.
A Full Venue informou que a GED Ventures foi o principal investidor da ronda seguido por dois investidores com exposição no setor da saúde através da holding AH Business e que priorizam a IA para diversificar a sua carteira de negócios.
“Entre os acionistas da Full Venue encontram-se também algumas figuras de destaque, incluindo Tiago Monteiro (antigo piloto de F1), Bernardo Novo (CEO SC Fitness) e Fernando Reani (MD Under Armour AUS&NZ)”, informou a Full Venue.
Com foco na indústria de desporto e eventos, a Full Venue revela ter uma resposta eficaz para um mercado “que ainda tem muito para evoluir” no que diz respeito à monetização de audiências. Sublinha a Full Venue que o seu produto está “desenhado para gerar audiências para fins de conversão e integrar-se de forma simples com os principais canais de marketing digital”.
Esta startup portuguesa “prevê a probabilidade de um potencial cliente efetuar uma compra ao recolher dados de first-party de plataformas digitais e aplicar diretamente os seus algoritmos proprietários de IA. Como resultado, são identificados grupos de potenciais compradores com uma elevada probabilidade de conversão”.
Ao nível dos eventos, a Full Venue dá o exemplo do trabalho feito em parceria com o Festival Primavera Sound Barcelona em que a segmentação inteligente “converteu o dobro em comparação com a segmentação genérica, considerando as vendas obtidas através de publicidade em meios digitais pagos”.
Neste momento, a Full Venue está a expandir a sua presença nas Federações de Futebol associadas da UEFA, Eventos Culturais, Ligas de Futebol e Clubes. Nos próximos meses, a empresa planeia fechar novas parcerias com Federações de Futebol, aumentar a sua presença em festivais de música a nível mundial e finalizar acordos globais com ligas e clubes profissionais de diversas modalidades.
Chegar às 55 federações da UEFA
Tiago Costa Rocha, CEO da Full Venue, que conta com uma vasta experiência na coordenação de projetos na área digital na Federação Portuguesa de Futebol e no apoio à transformação digital da marca Portugal, explica ao JE quais os próximos objetivos da startup portuguesa.
“Queremos crescer na Europa. Já trabalhamos com uma série de federações na UEFA e temos como grande objetivos chegarmos às 55 federações. Queremos aprofundar ligas estratégicas como a inglesa onde já estamos. Em Portugal, queremos ajudar a desenvolver as indústrias do desporto e evento e outras também.
Ao JE, este responsável salienta que a indústria do desporto “deve ser tratada como um negócio” e que potencialmente “tem que ser rentável”, apresentando “fontes de rendimento que possivelmente muitas das outras não têm” mas que não têm sido capitalizadas da melhor forma.
“É uma indústria com muitas ‘love brands’ em que as pessoas facultam os seus dados”, realça Tiago Costa Rocha. “ Através da utilização destes dados e usando algumas das tecnologias mais recentes, percebemos exatamente para onde apontar. Foi aí que as vendas dos nossos clientes começaram a disparar, reduzindo brutalmente custos de investimento em marketing e capitalizando a nível de receita”, sublinhou.
“Somos apaixonados pelo futebol inglês”
Inglaterra é um mercado em que a Full Venue já marca presença mas Tiago Costa Rocha confessa ao JE que a startup está apostada em aprofundar essa relação. “Gostávamos muito de aumentar a nossa presença no Reino Unido. Somos apaixonados pelo futebol inglês e não só. Mesmo noutros desportos, já tivemos contacto com o rugby através de um cliente nosso no País de Gales”, detalha.
Em definitivo, a Full Venue quer manter o foco na Europa e nos principais mercados em que opera: “Neste momento, o foco é a Europa, os principais mercados. Portugal, Espanha, Alemanha, França, por aí”.
Daqui a dois anos, o responsável máximo da Full Venue antecipa uma nova ronda de investimento e prevê uma “jogada” mais ousada: “Queremos ir para os EUA. Estamos com um ‘lead’ potencial nos EUA, também na área do futebol, talvez uma das marcas mais relevantes do futebol do país”.