Davide Tidoni, Marta Zapparoli, Lula Pena, Rafael Toral, Rudolfo Quintas, Stefanie Egedy e Tarek Atoui, entre muitos outros, aceitaram o desafio de criar instalações visuais, sonoras e performances para a edição deste ano do Lisboa Soa, cuja programação se divide entre dois espaços, o Quartel Largo Residências e as Carpintarias de São Lázaro.
O objetivo, em sintonia com o mote do festival – “Multipli.Cidades” – é promover a pluralidade da cidade, que se quer também “igualitária, digna”, como sublinha Raquel Castro, fundadora do Lisboa Soa. “Por isso [a cidade] deve respeitar a diversidade e adotar políticas inclusivas como elemento-chave do bem-estar individual e social, como expressão da riqueza cultural e base vital da sua identidade. Sabemos hoje que esses valores estão intrinsecamente ligados aos processos ecológicos e que as desigualdades sistémicas desafiam a capacidade das cidades de alcançar uma sustentabilidade real”, completa a também investigadora e realizadora.
O Lisboa Soa arrancou em 2016 com a ambição de cruzar arte sonora, ecologia e cultura auditiva, valorizando a criação artística contemporânea e atribuindo-lhe um contexto social e ecológico. Sentir o toque invisível do som é proposta apresentada pela artista sonora brasileira Stefanie Egedy, intitulada “Bodies And Subwoofers (B.A.S.)” no Quartel Largo Cabeço de Bola. No mesmo espaço e datas, também poderá ver a criação do francês Vincent Martial, “Crackling Songs”, que propõe uma forma diferente de compor música utilizando velas e matéria em combustão.
O Quartel Largo Cabeço de Bola acolhe ainda uma instalação audiovisual de Cláudia Guerreiro em colaboração com Rui Carvalho (Filho da Mãe), um desenho em movimento que é uma escavação em tempo real que procura a luz, construindo e desconstruindo, escavando como se de uma gruta se tratasse. Assim como a instalação e performance “Interdimensional Generated Space”, da artista sonora italiana Marta Zapparoli, a partir de antenas que captam a rede invisível de comunicação sem fios e de alta frequência que atravessa o nosso corpo no dia a dia.
Às 23h00 de dia 26 de agosto, nas Carpintarias de São Lázaro, é a vez de o artista libanês Tarek Atoui apresentar “The Crossing”, uma performance a solo que reúne material sonoro étnico variado e sons eletrónicos sintetizados com o seu próprio software e interfaces.
As Carpintarias são ainda palco do projeto “Darkless - A journey of Acoustic Embodiment” do artista multimédia português Rudolfo Quintas, onde reúne, pela primeira vez, um conjunto de instalações imersivas e interativas que vai permitir um olhar alargado sobre esta investigação artística em que o artista colabora com pessoas cegas em processos de criação nas artes digitais, envolvendo inteligência artificial e realidade virtual.
A 27 de agosto, pelas 19h00 no Quartel Largo Cabeço de Bola, a poeta, compositora e artista visual portuguesa Lula Pena, vai apresentar-se num registo bastante diferente do habitual, com uma performance a que chamou “abrir o concreto para que o espontâneo brote, e o concreto se escute” e que pretende ser um diálogo entre Planta e Humano.
As crianças não foram esquecidas no Lisboa Soa, que tem previstos workshops que visam promover um universo experimental e de sensibilização, nas relações entre os temas da ecologia, o lado plástico da manualidade e os exercícios de escuta e de produção sonora. Estes decorrem nos dias 26 e 27 de agosto, paralelamente ao programa educativo do festival, e algumas atividades carecem de inscrição.
O Lisboa Soa tem entrada gratuita e convida o público a mergulhar numa experiência transformadora, em que a cidade revela a sua paisagem sonora oculta, diversa, em constante mutação.