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Fenómeno DeepSeek pode gerar "alterações" ao negócio das tecnológicas e aos retornos dos investidores

Os resultados da Nvidia podem trazer novidades mas, para já, é visível que a China ameaça a posição dos EUA como líder do setor, de acordo com um economista contactado pelo JE.

A chinesa DeepSeek desenvolveu um chatbot idêntico ao ChatGPT, mas que apresenta um grau de eficiência muito superior. Em causa está um investimento muito inferior ao que foi realizado na norte-americana, para um sistema feito com chips da Nvidia que não fazem parte da última geração e que apresenta um rendimento superior.

Os dados foram divulgados pela empresa chinesa e geraram fortes dúvidas sobre a rentabilidade de empresas como a própria Nvidia, entre outras tecnológicas. Neste contexto, deu-se um rombo nas cotações das maiores empresas tecnológicas em Wall Street e nas praças europeias.

Uma situação que significa uma alteração significativa no setor, mas, por enquanto, resta esperar pelos próximos meses para que sejam conhecidos mais sinais neste âmbito. Quem o explica é António Duarte, economista contactado pelo JE.

“Até aqui, nunca se deu grande credibilidade a desenvolvimentos feitos fora dos EUA", lembra o próprio. No entanto, os sinais que chegaram da China assumem um papel "particularmente relevante”, até porque surgem poucos dias depois de Donald Trump anunciar um investimento recorde na IA nos EUA, na ordem de 500 mil milhões de dólares.

Ora, é neste contexto que a China assume “uma posição que ameaça a liderança” dos EUA no setor.

O modelo DeepSeek-R1, lançado a 20 de janeiro pela DeepSeek, foi treinado ao longo de 55 dias, com um orçamento de 5,57 milhões de dólares (cerca de 5,33 milhões de euros), utilizando 2.048 chips Nvidia H800. Ou seja, falamos da geração anterior às linhas mais recentes.

É importante recordar que as limitações impostas pelos Estados Unidos no acesso das empresas chinesas às tecnologias norte-americanas ditam que a Nvidia não pode exportar para aquele país os chips semicondutores de última geração.

Dito isto, António Duarte reitera que a necessidade de as tecnológicas "utilizarem tantos componentes da tecnologia da Nvidia como até aqui” acaba por ficar "em risco". Ainda assim, refere que seria "prematuro” dizer que o modelo de negócio de gigantes da tecnologia como a Nvidia fica de imediato em cheque.

Para tirar mais conclusões, salienta, será importante avaliar eventuais sinais que sejam conhecidos durante as próximas semanas. Desde logo, destaca os resultados do quarto trimestre de 2024, que vão ser conhecidos a 26 de fevereiro e através dos quais será possível inferir sobre a força da empresa no contexto atual.

De qualquer modo, “os próximos tempos podem trazer alterações materiais àquilo que é a conceção do negócio da indústria e, naturalmente, do retorno que os investidores estavam habituados a ter com as empresas tecnológicas”, assinala António Duarte.

O economista recorda as afirmações feitas nesta matéria por Donald Trump. De acordo com o presidente dos EUA, está em causa um "wake up call [chamada de atenção, em inglês] para as empresas norte-americanas".