Os europeus estão mais decididos a votar nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, que consideram ter maior importância dada a atual situação geopolítica global, segundo os dados do Eurobarómetro da Primavera, o último feito antes das eleições, divulgado esta quarta-feira, 17 de abril.
O estudo aponta que 81% dos europeus consideram que as eleições de junho são mais importantes, por causa da situação geopolítica.
“Os europeus estão conscientes de que há muito em jogo nas urnas. oito em cada 10 afirmam que votar é ainda mais importante tendo em conta o contexto”, sublinha a presidente do Parlamento, Roberta Metsola, em comunicado. 60% dos inquiridos afirmaram estar interessados neste ato eleitoral.
Questionados sobre se vão votar, 71% afirma que “provavelmente” o fará, um valor superior em 10 pontos percentuais ao registado no último Eurobarómetro antes das eleições de 2019, que, mesmo assim, foi 10 pontos percentuais superior à percentagem de eleitores que acabou mesmo por exercer este direito.
Em Portugal, o interesse é menor do que na Europa, é manifestado por 51% dos inquiridos, e são menos os que admitem votar, 57%, menos 14 pontos percentuais do que a média dos 27 Estados-membros.
Em Portugal, as eleições estão marcadas para 9 de junho, um domingo que calha num fim-de-semana prolongado, porque segunda-feira se comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e é feriado.
No topo das preocupações, ou os temas que os europeus gostariam de ver tratados na campanha eleitoral, estão a luta contra a pobreza e a exclusão social, referida por um terço dos inquiridos, a saúde pública, apontada por 32%, e o apoio à economia e a criação de novos empregos, assim como a defesa e segurança da União Europeia (UE), ambos assinalados por 31%.
Mas 18% consideram que a aposta na defesa e segurança é o mais importante atributo para que se reforce a posição da UE no mundo. E 19% o segundo e 37% o terceiro.
O tema da migração e asilo, que tem sido muito abordado em eleições nacionais, surge apenas em sétimo lugar nas preocupações e apenas 8% o consideraram uma primeira prioridade.
No entanto, referira-se que, desde as últimas eleições europeias, o “Velho Continente” sofreu com a pandemia de covid-19, depois com os desafios económicos que se seguiram, a que acresceu a eclosão de uma guerra na fronteira europeia, com a invasão russa da Ucrânia e o aumento da instabilidade global, mas também a questão das migrações.
Questionados sobre a resposta da União Europeia (UE) à questão das migrações, 71% consideram que não foi satisfatória, especialmente no Sul da Europa e, também, no Norte.
A resposta à invasão russa da Ucrânia também é avaliada negativamente por 58% dos entrevistados, registando-se que a imagem da Rússia é considerada negativa por 83% dos inquiridos.
Em Portugal, o tema da migração e asilo recolhe, apenas, 8% das preferências, surgindo no fim da tabela, juntamente com os direitos do consumidor.
As prioridades são o apoio à economia e criação de novos empregos, com 55%, seguido da luta contra a pobreza e a exclusão social, com 52%, a saúde pública, com 48%.
O Eurobarómetro foi construído com base em 26.411 entrevistas presenciais, incluindo 1.032 em Portugal, com o trabalho de campo a ter lugar entre 7 de fevereiro e 3 de março.
Como a média europeia, com 47%, em Portugal os inquiridos consideram que a prioridade dos eleitos para o Parlamento Europeu deveria ser a defesa da paz (56%), seguida pela defesa da democracia, com 33% na média europeia e 29% em Portugal.