O pânico nos índices bolsistas penalizou muitos investidores nos últimos dias, mas são boas notícias para quem tem crédito à habitação indexado à Euribor, dado o recuo das taxas a três e a seis meses para mínimos de mais de um ano. A expectativa de mais cortes de juros nas economias mais avançadas determinou esta evolução, com o mercado agora firme na expectativa de mais de 100 pontos base (p.b.) de cortes nos Estados Unidos (EUA) e zona euro até final do ano.
Os receios de uma possível recessão nos EUA, arrefecimento do sector de inteligência artificial, uma guerra aberta no Médio Oriente e ações inflacionadas geraram uma tempestade nos mercados como há muito não se via, lançando ondas de choque na economia real. Ainda assim, para quem tem crédito à habitação indexado à Euribor a três ou seis meses, o efeito foi bem-vindo: ambas as taxas recuaram para mínimos de mais um ano.
A Euribor a três meses caiu para 3,584%, valor que não se registava desde o final de junho do ano passado; já a taxa a seis meses recuou para 3,494%, em linha com o verificado em abril do ano passado. Tendo recuado para 3,238%, muito longe do pico recente acima de 4%, a Euribor a 12 meses também tocou mínimos de dezembro de 2022, ou seja, de mais de ano e meio.
O motivo prende-se com a expectativa do mercado de mais descidas dos juros até ao final do ano, seja na zona euro, seja nos EUA. Independentemente da correspondência com a economia real, os motores do sell-off de agosto levaram também a um ajuste das projeções de mercado quanto à política monetária em ambos os lados do Atlântico, levando a Euribor a também recuar.
De acordo com a FedWatch Tool, do CMEGroup, a Fed deve cortar 125 p.b. até final do ano, uma subida assinalável em relação aos cerca de 80 p.b. esperados anteriormente (que correspondiam a três descidas de 25 p.b. até final do ano); o Banco Central Europeu (BCE) deve seguir caminho, com os investidores a projetarem um corte de 50 pontos já em setembro para ambas as economias.
A tendência de descida da Euribor já se verificava há alguns meses, dada a expectativa do mercado quanto a cortes de juro pelo BCE perante uma inflação bastante mais controlada do que há um ano e próxima do objetivo de longo-prazo, ou seja, 2%.