Donald Trump deve tomar uma série de ações executivas no primeiro dia do seu segundo mandato como presidente, para aumentar a fiscalização da imigração e reverter os programas de entrada legal de Biden, um esforço que será liderado pelo novo ‘czar das fronteiras’, Tom Homan, e outros republicanos linha-dura. As ações executivas dariam aos oficiais federais da imigração mais liberdade para prender imigrantes ilegais, mesmo que sem antecedentes criminais, aumentar a presença das forças da ordem na fronteira com o México e reiniciar a construção do muro, explica Ted Hesson, analista da Reuters.
Homan, que foi diretor interino do Departamento de Imigração e Alfândegas de 2017 a 2018, no primeiro mandato de Trump, tem uma compreensão idêntica à de Trump sobre o sistema de imigração nos Estados Unidos, após uma carreira de quatro décadas que o levou de um agente da Patrulha de Fronteira da linha de frente a chefe da agência que prende e deporta imigrantes ilegais.
Trump também deve acabar com os programas humanitários do presidente Joe Biden que permitiram que centenas de milhares de imigrantes entrassem legalmente nos últimos anos. "Tudo isso deveria estar na mesa", disse Mark Morgan, um funcionário da imigração no primeiro mandato de quatro anos de Trump, citado pela Reuters.
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos considera haver cerca de 11 milhões de imigrantes sem estatuto legal, um número que pode ter aumentado desde o estudo, datado de 2022.
Será um primeiro passo bem diferente daquele que deu quando chegou à Casa Branca no primeiro mandato. Nessa altura, as prioridades iam para a área da economia – com Trump a decidir que iria acabar com uma série de leis que impediam a exploração de petróleo nos Estados Unidos.
Com a tomada de posse prevista para o dia 20 de janeiro, a agenda do novo presidente permanece, contudo, secreta. O staff de Donald Trump não forneceu nenhuma indicação sobre a matéria, nem esteve disponível para comentar a sua antecipação ‘oficiosa’.
Recorde-se que a prisão de imigrantes atingiu um número recorde durante a presidência de Joe Biden – uma matéria que estava sob a alçada da ‘derrotada’ Kamala Harris – mas as travessias ilegais caíram drasticamente este ano, quando Biden instituiu novas restrições de fronteira e o México intensificou a fiscalização.
Trump pretende reduzir ainda mais as travessias ilegais e usar uma abordagem integrada e intergovernamental para patrocinar essa sua opção. O presidente eleito já anunciou que Homan terá todo um arsenal para implementar esta nova política. O vice-presidente eleito, JD Vance, pareceu confirmar na segunda-feira que Stephen Miller, arquiteto da restritiva agenda de imigração de Trump no primeiro mandato, retornará como vice-chefe de gabinete para as políticas, garantindo que a questão da imigração permanecerá central.
Outra decisão ‘madrugadora’ trataria da segurança na fronteira, ainda segundo a Reuters. Trump pretende enviar tropas da Guarda Nacional para a fronteira e declarar a imigração ilegal uma emergência nacional para desbloquear fundos para a construção do muro na fronteira com o México.
Trump planeia ainda encerrar os programas temporários de liberdade condicional humanitária instituídos por Joe Biden, que permitiram que centenas de milhares de imigrantes entrassem legalmente e tivessem acesso a autorizações de trabalho.
Trump também deve conversar com as autoridades do México sobre o restabelecimento do seu programa ‘Permanecer no México’, que exigia que os requerentes de asilo não-mexicanos permanecessem no México enquanto os seus casos nos Estados Unidos eram decididos.