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EUA: democratas ‘fazem contas’ com Kamala Harris

Depois da previsível desistência de Joe Biden, a vice-presidente em exercício é a opção mais viável, mas o ainda presidente não a nomeou quando deu a conhecer que não ia continuar na corrida. Mas Bill Clinton apoia-a.

Além do fator histórico – a tentativa de sentar uma mulher negra na Sala Oval – o partido democrata, ou uma parte dele, está a avaliar que possibilidade de vitória teria a atual vice-presidente, Kamala Harris. Mas, nesta fase, não são as sondagens que importam, mas sim o que dizem os maiores doadores do partido sobre este assunto. Se estes doadores se colocarem do lado de Harris, a desistência de Biden pode dar lugar à sua vice.

Como os jornais norte-americanos têm salientado, os democratas decidiram desde o início da campanha para as primárias que a sua estratégia seria lançar Biden como uma batalha pelo futuro da democracia na federação – mas tudo isso foi ultrapassado pelos acontecimentos, com o atentado a Trump a mudar ainda mais o cenário. A história da batalha pela democracia deixou de ‘colar’ junto do eleitorado.

A convenção democrata – que se realizará entre 19 e 22 de agosto – é a última oportunidade para o partido lançar um nome para substituir Joe Biden. E será também o lugar certo para dar algum alento a quem quer que seja que o venha a substituir, dada a enorme cobertura mediática que terá sempre.

Kamala Harris defendeu até ao fim a reeleição de Biden – mas o agora ex-candidato não a nomeou quando de a conhecer que desistia. Não é um bom sinal para a sua vice-presidente – a, segundo as mesmas fontes, abre a possibilidade de outros democratas de topo não resistirem à tentação de avançarem. Se o fizerem, o partido tardará em fechar a escolha, o que irá exercer ainda mais pressão negativa sobre os democratas.

Quem se apressou a clarificar a sua posição foi o antigo presidente Bill Clinton – que pocas horas depois de se saber da desistência de Biden deixou publicamente o seu apoio a Kamala Harris, sendo assim o primeiro democrata de topo a colocar-se ao lado da vice-presidente.

Com 59 anos, Harris é duas décadas mais jovem que Trump e líder do partido em temas como o direito ao aborto, uma questão que surge como importante entre os eleitores mais jovens e a base progressista dos democratas. Os defensores da vice-presidente argumentam que Harris seria uma excelente resposta a esses eleitores, consolidaria o apoio negro e traria força ao debate. Além disso, argumentam ainda, a sua candidatura ofereceria um contraste relativamente a Trump e ao seu vice, J. D. Vance.

Num hipotético confronto direto, Harris e Trump estavam empatados com 44% de apoio numa sondagem Reuters/Ipsos realizada a 15 e 16 de julho, imediatamente após a tentativa de assassinato contra Trump. Trump liderou face a Biden por 43% a 41% na mesma sondagem, embora a diferença de 2 pontos percentuais estivesse dentro da margem de erro de. Os índices de aprovação de Harris, embora baixos, são mais altos que os de Biden: de acordo com uma sondagem da Five Thirty Eight, 38,6% dos norte-americanos aprovam Harris, enquanto 50,4% desaprovam. Biden tem 38,5% de aprovação e 56,2% de desaprovação.