A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, atacou de forma inesperadamente (para alguns) agressiva o seu adversário, o republicano Donald Trump, dando mostras de que o que resta da campanha será ‘a doer’. Na sua primeira intervenção como candidata, um discurso que demorou 17 minutos, Harris não foi contemplativa com as vulnerabilidades de Trump, comparando o seu histórico como ex-promotora com o histórico do opositor como criminoso condenado.
Mesmo assim, e segundo os jornais, Harris não se limitou a atacar Trump: assinalou uma lista de prioridades da sua eventual presidência, dizendo que, se eleita, agiria para expandir o acesso ao aborto, tornar mais fácil a sindicalização dos trabalhadores e gerir a ‘ingerível’ violência armada. Mas até esta ‘listagem’ servia o propósito do ataque ao adversário: “Donald Trump quer fazer o nosso país retroceder”, disse, a uma multidão de milhares de pessoas na West Allis Central High School, nos subúrbios de Milwaukee, Wisconsin. “Queremos viver num país de liberdade, compaixão e estado de direito, ou num país de caos, medo e ódio?”
O comício, referem as mesmas fontes, foi um contraste notável com os eventos menores e mais moderados que Biden realizou – tendo ficado claro que esta nova postura da campanha pretende ‘agitar’ os eleitores. Harris enfatizou o seu compromisso com os direitos reprodutivos, uma questão que tem atormentado os republicanos desde que o Supremo Tribunal dos EUA – onde pontificam três juízes nomeados por Trump – eliminou o direito nacional ao aborto em 2022.
Em teleconferência no dia anterior, Trump expressou confiança na sua capacidade de derrotar Harris e ofereceu-se para debater com Harris várias vezes e não apenas a 10 de setembro, como estava inicialmente previsto com Trump.
Recorde-se que a vice-presidente conseguiu uma ligeira vantagem de dois pontos percentuais sobre Trump segundo uma sondagem da responsabilidade da Reuters/Ipsos.É uma recuperação de quatro pontos percentuais em relação aos dois de desvantagem que eram conferidos a Joe Biden quando ainda era o candidato dos democratas.
O novo estudo de opinião, realizado esta segunda e terça-feira, já incorpora os acontecimentos da Convenção Nacional Republicana, onde Trump aceitou formalmente a indicação como candidato e lançou J. D. Vance para o lugar de vice-presidente. Mas está ainda dentro da margem de erro de três pontos percentuais. A agência recorda que Harris e Trump estavam empatados nos 44% numa sondagem feira a 15 e 16 de julho.
Embora as pesquisas nacionais deem sinais importantes sobre o apoio dos eleitores, “um punhado de Estados normalmente inclina a balança no Colégio Eleitoral dos EUA, que decide quem vence uma eleição presidencial”, refere a Reuters.
A agência dianta ainda que cerca de 56% dos eleitores concordaram com a afirmação de que Harris, é, aos 59 anos, “mentalmente arguta e capaz de lidar com desafios”, em comparação com os 49% que disseram o mesmo de Trump, de 78 anos. Apenas 22% dos eleitores avaliaram Biden dessa forma.
Entretanto, Biden fez uma intervenção na Sala Oval na noite de quarta-feira para explicar a sua decisão de retirar-se da campanha. O ainda presidente voltou a Washington na terça-feira depois de passar vários dias isolado em casa com Covid-19.