O diplomata de carreira e candidato pró-Ocidente Ivan Korcok venceu a primeira volta das eleições presidenciais da Eslováquia com 42%. O seu adversário e presidente do Parlamento, Peter Pellegrini, ficou em segundo lugar, com 37%. A segunda volta – dado que nenhum dles conseguiu a maioria absoluta está marcado para 6 de abril.
Korcok foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2020 e 2023 do durante o mandato do primeiro-ministro Igor Matovic, representante permanente da Eslováquia junto da União, chefe da delegação para as conversações de adesão do país à NATO em 2003 e embaixador na Alemanha e nos Estados Unidos, é o candidato mais forte e aquele que reúne o ‘gosto’ da União Europeia. A questão ganha importância porque a Eslováquia é neste momento um dos países da União Europeia que mais se tem afastado (juntamente com a Hungria, mas não só) da linha de apoio incondicional à Ucrânia seguida pela Comissão Europeia e pelo Conselho Europeu.
Uma possível vitória do candidato pró-Ocidente não resolve a questão – uma vez que o atual primeiro-ministro Robert Fico, é a ‘cara’ do desalinhamento – mas tenderá a atenuar o problema.
"Devo dizer honestamente que preciso de alcançar os eleitores que apoiaram os partidos do governo", disse Korcok no final da primeira volta, citado pela imprensa. "Está claro que eles não estão satisfeitos com a forma como este governo está a governar, para onde está a levar a Eslováquia."
Do outro lado, Pellegrini, presidente do Parlamento desde as eleições gerais de setembro passado, nas quais seu partido Hlas ficou em terceiro lugar, atrás do líder Smer, de Robert Fico, terá posição oposta. O governo, onde está também o partido nacionalista SNS, quer diminuir o apoio militar à Ucrânia. Pellegrini já foi primeiro-ministro em 2018. "Vamos aproveitar essa experiência", disse Pellegrini, citado pelas mesmas fontes.
A Constituição do país de 1993 dá ao presidente poderes em grande parte cerimoniais, e a prerrogativa da assinatura de projetos de lei, mas o parlamento de Bratislava pode ultrapassar qualquer veto presidencial.
Mas o histórico de três décadas de independência do país mostra que, quando presidente e primeiro-ministro não estão de acordo, o poder executivo tende a tentar encontrar plataformas de entendimento, ao invés de preferir o confronto político direto.
A presidente em exercício, a ativista verde e advogada Zuzana Caputová, tem tido vida difícil com Robert Fico desde que este regressou ao cargo para um quarto mandato em outubro passado. Caputová opôs-se fortemente ao que chamou de mudanças "sem precedentes" do governo, tanto no que tem a ver com a Ucrânia, como naquilo a que chamou o aligeiramento do código penal – que os analistas temem ser menos repressivo para a corrupção.