O líder da coligação PSD/CDS saudou o acordo com o PAN, considerando que assim se cria "uma plataforma de estabilidade" na Madeira. Miguel Albuquerque justificou a escolha do PAN: "Escolhi porque escolhi" em referência ao entendimento para governar através de um acordo de incidência parlamentar com o PAN, que não fará parte do governo regional.
Segundo o líder da coligação PSD/CDS, que ganhou as eleições com 43,13% dos votos e elegeu 23 deputados, o acordo exige de ambas as partes "diálogo permanente". Foi um acordo negociado e feito de "boa-fé", assegurou. O PAN foi a sétima força mais votada nas regionais madeirenses de domingo passado e elegeu 1 deputado com 2,25% dos votos.
Para Miguel Albuquerque este é um "compromisso muito sério para quatro anos" e não antevê "complicações nenhumas". Adiantou também que o acordo "contempla parte do programa do PAN, sendo que parte [do que inclui] já era também" dos sociais-democratas.
Apesar do partido escolhido ter sido o PAN, Albuquerque não exclui a possibilidade de se juntar também à Iniciativa Liberal. "Estou disponível para falar com a Iniciativa Liberal", disse, abrindo a possibilidade de se fazerem acordos "pontuais".
Por sua vez, a deputada regional do PAN, Mónica Freitas, afirmou numa conferência de imprensa na tarde desta terça-feira que o acordo do PAN com a coligação PSD/CDS terá apenas "incidência parlamentar", ou seja, sem lugar no Executivo. A única deputada eleita pelo PAN na Madeira defende que o acordo, assinado por quatro anos com o PSD-Madeira, permite “estancar a extrema-direita” e que não é “ambição do PAN-Madeira assumir qualquer papel no governo regional da Madeira”.
Acordo com IL teria maior impacto nacional, diz especialista
"Poderão ter algum impacto porque se houver acordo com Iniciativa Liberal e se as coisas correrem bem isto pode ser visto como uma experiência que também se pode repetir a nível nacional. O PAN é um partido menos ideológico e mais de causas e isto não tem tanto impacto a nível nacional", vincou ao JE o politólogo José Palmeira.
O politólogo acrescenta que o PAN é um partido mais pequeno a nível nacional do que a IL e frisa: "o PAN está sempre na contingência de ter um deputado ou não ter. Enquanto que a IL tem um eleitorado jovem, mais consolidado e é um partido que tem tido crescimento".
No geral, para o especialista "os resultados eleitorais para o PSD foram um bocadinho agridoce". A vitória, naturalmente, é importante para um partido que há cerca de 50 anos governa a Madeira e portanto isso é um feito, não há duvida. Não é fácil manterem-se tanto tempo no poder, mas uma vez que existia a expectativa de que a maioria absoluta do PSD/CDS ia ser renovada, o resultado não deixa de ser amargo", frisou José Palmeira.
Eleições regionais sem impacto a nível nacional, aponta especialista.
"Em termos de surpresa, o PS deve ter ficado aborrecido e o PSD ficou contente, mas não há impacto a nível nacional porque eles aproximam-se muito da política em Portugal, apesar da longa permanência do PSD. Aproximam-se porque os partidos todos ganharam, só o PS é que não clamou vitória", sublinhou o politólogo José Adelino Maltez.
A especialista referiu que "há umas diferenças entre as eleições da Madeira e as do todo nacional porque na Madeira há um parlamentarismo puro. Não há cá presidente ou ministro da república e reflete uma proporcionalidade intensamente, enquanto no Continente há uma certa majoração de resultados".
Presença de Montenegro das eleições devia servir de rampa de lançamento
"O propósito disto [presença de Montenegro nas eleições regionais] era de servir de rampa de lançamento para o parlamento europeu, mas não correu muito bem", disse o especialista ao JE, que pensa que as eleições europeias vão ter mais impacto do que as regionais na Madeira por tratarem de temas de âmbito nacional.
Para José Palmeira, foi visível que a presença de Montenegro nas eleições regionais também tinha como objetivo "maximizar" o resultado eleitoral, mas a intenção foi "esbatida com as perguntas sobre a demissão de Miguel Albuquerque".