As eólicas offshore vão devolver à economia nacional o equivalente a 8% do PIB português de 2022. São quase 20 mil milhões de euros de valor acrescentado bruto (VAB) que serão gerados ao longo da instalação e do período de operação.
A conclusão é de um estudo desenvolvido pelo economista Pedro Brinca da NovaSBE e apresentado na conferência da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) que teve lugar na quarta-feira em Lisboa.
Por um gigawatt construído, o projeto gera uma riqueza agregada de 1,941 mil milhões de euros, criando um total de quase 42 mil postos de trabalho. Em termos diretos, o projeto cria um VAB de 202 milhões e quase 8.500 postos de trabalho; em termos indiretos, cria 800 milhões de VAB e quase 17 mil empregos; em termos induzidos, cria 947 milhões de VAB e 16.500 empregos.
Tudo junto em termos agregados, a construção de 10 gigawatts tem um impacto potencial equivalente a mais de 8% do PIB de 2022, e a capacidade de criar postos de trabalho num nível equivalente a 8,4% do emprego total registado em 2022, isto é, 412 mil postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos, com mais de 83 mil a serem diretos.
Em separado, o valor acrescentado direto atinge 0,8% do PIB; indireto equivale a 3,3% do PIB; induzido atinge 3,9% do PIB. Em termos de empregos, o impacto direto equivale a 1,7% do emprego total em 2022; o impacto indireto equivale a 3,4%; o induzido equivale a 3,3% do emprego em 2022.
"Se forem instalados com sucesso, este programa de 10 gigawatts offshore vai efetivamente exercer uma influência substancial na economia portuguesa pois concluímos que o valor acrescentado ao longo do seu ciclo de vida e empregos criados representa mais de 8% do PIB português e empregos", relativos ao ano de 2022, segundo as conclusões da apresentação feita no congresso.
Quase metade do impacto total vai ter lugar na fase de investimento (Capex), "mas a fase de operação traz beneficios alargados de longo prazo".
Quando os 10 gigawatts estiverem operacionais, "podemos antecipar uma contribuição anual para a economia portuguesa de aproximadamente 0,2% do PIB, assim como a criação anual de 9.100 postos de trabalho altamente qualificados durante um período de vida de 25 a 30 anos".
O autor do estudo destaca que "apesar de o impacto direto dos 10 gigas ser significante", os efeitos indiretos e induzidos "ainda são mais significantes pois correspondem a mais de 75% do impacto total quando tidos em consideração".
O autor também recomenda a criação de um fórum formal com promotores, o Governo e o sector da pesca.
O estudo também analisou os custos de construir um gigawatt eólico offshore: 6.400 milhões de euros, com a maior fatia a caber à fase de produção e assemblagem (3.400 milhões), seguida da fase de operação e manutenção (1.900 milhões de euros), e da fase de instalação e comissionamento (706 milhões). Segue-se a fase de descomissionamento e desmantelamento com custos de 212 milhões e a fase de desenvolvimento e gestão de projeto 148 milhões.
O ano em que as eólicas offshore mais vão contribuir para a economia nacional será em 2032 e 2033 (0,7% do PIB, no cenário central). No caso de a incorporação nacional ser mais elevada poderá atingir ter um impacto de 1% no PIB nos dois anos referidos.