Uma mulher crente na ciência e que fez pela sua valorização quando, inesperadamente, subiu ao Governo: assim é Elvira Fortunato. O seu nome saltou (ainda mais) para a ribalta quando lhe foi atribuído o Prémio Pessoa em 2020.
De forma simplificada, Elvira Fortunato é uma cientista portuguesa e uma das mais conceituadas dentro e fora das fronteiras nacionais. Mais tecnicamente, é engenheira de materiais e especialista em microeletrónica e optoeletrónica.
O ranking elaborado pela revista Forbes Portugal coloca Elvira Fortunato na terceira posição das mulheres portuguesas mais poderosas nos negócios. A cientista soma um total de 65 pontos na categoria de Educação e Ciência.
Licenciada em Física e Engenharia dos Metais e doutorada em Microeletrónica e Optoeletrónica, Elvira Fortunato é a atual líder do Centro de Investigação de Materiais e ainda o laboratório i3N – Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelagem e Nanofabricação, sendo ainda professora catedrática do departamento de ciências dos materiais na Universidade Nova de Lisboa.
Desde 2018 que é vice-diretora da Universidade Nova de Lisboa, sendo responsável pela coordenação da pesquisa.
Em termos científicos, soma quase mil artigos publicados com a sua assinatura, o que valeu a Elvira Fortuna mais de 50 prémios e distinções internacionais.
No mesmo ano do Prémio Pessoa, recebeu ainda o Prémio Impacto Horizonte 2020 da Comissão Europeia, que visou agraciar Elvira Fortunato pela criação do primeiro ecrã transparente com materiais ecossustentáveis.
Ao "Observador", aquando do prémio nacional, confessou que se lembrava de querer ser médica, mas que "não consigo ver sangue", o que a afastou da medicina e aproximou de outro tipo de ciências. Antes de seguir Engenharia dos Materiais ainda tentou Engenharia do Ambiente, mas viu que a sua vocação era mais ao lado.
Afinal de contas, Elvira Fortunato é pioneira mundial na eletrónica de papel, nomeadamente em transístores, memórias, baterias, ecrãs, antenas e células solares. É considerada pelo meio como a 'mãe' do transístor de papel (a par com Rodrigo Martins).
O Conselho Europeu de Investigação atribuiu-lhe uma bolsa de 2,5 milhões de euros em 2008 para criar um laboratório que investigasse materiais eletrónicos em nanoescala, sendo que o segundo prémio da mesma instituição foi mais avultado (3,5 milhões de euros) e também o maior montante já dado a um investigador em Portugal.
Desde junho de 2016 que é membro do Conselho das Ordens Nacionais portuguesas
Em 2022 foi convidada para assumir a pasta da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior no último Governo de António Costa, substituindo Manuel Heitor. Em várias entrevistas apontou falhas que vinha a identificar a sofria quando se dedicava exclusivamente à ciência: faltava estabilidade e doutorados nas empresas, era preciso desburocratizar e faltava dinheiro. Apesar de um olhar mais atento e interno, pouco mudou nas áreas que coordenou.
Elvira Fortunato dirige a equipa do Centro de Investigação de Materiais (Cenimat) desde 1998 ao lado do marido, Rodrigo Martins, que preside à Academia Europeia de Ciências desde 2018.
Recebeu a medalha Blaise Pascal da Academia Europeia de Ciências em 2016 e o Prémio Estreito de Magalhães do governo do Chile em 2020. Em 2010 foi distinguida com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2021, recebeu a Medalha de Ouro da Ordem dos Engenheiros.
Em 2022, foi nomeada como uma das 27 mulheres inspiradoras da Europa. Anteriormente, tinha recebido o prémio Scientific Excellence em 2005 e o Czochralski award em 2017.