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Eleições nos EUA: a caminho da Casa Branca, com paragem obrigatória na Pensilvânia

No último dia da campanha eleitoral, Kamala Harris e Donald Trump dedicaram uma atenção especial à Pensilvânia. E ambos apelaram ao voto como a arma mais decisiva para derrotar o adversário.

Tanto do ponto de vista nacional como em cada um dos sete Estados cruciais para a eleição do próximo presidente dos Estados Unidos, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump continuam rigorosamente empatados – para alguma surpresa de vários comentadores, que afirmam que o enorme esforço das duas campanhas parece não estar a resultar em nada. Na sua ótica, as toneladas de dólares que foram (e continuam a ser) atirados para cima das campanhas publicitárias deviam ter surtido um efeito diferenciador que simplesmente não aconteceu.

“Mesmo após uma surpreendente quantidade de eventos nos últimos meses, o eleitorado está dividido ao meio, tanto nacionalmente quanto nos sete Estados do campo de batalha que devem determinar o resultado. O vencedor pode não ser conhecido senão vários dias após a votação de terça-feira”, refere um analista citado pela Reuters. Neste contexto, a surpresa é que, apesar de toda a turbulência em volta da campanha – a tentativa de assassinato de Trump e a desistência de Joe Biden estão no topo da lista) – o certo é que “os contornos da corrida mudaram pouco e as sondagens mostraram Harris e Trump a disputarem corpo-a-corpo desde o verão”.

Mais de 78 milhões de eleitores já votaram antecipadamente – entre eles estão Joe Biden e a própria Kamala Harris, que disse ter confiança no sistema para que a sua escolha chegue ao lugar certo. Ou seja: os democratas estão ‘em pânico’ relativamente à forma como Trump se conduzirá se perder e aos abalos que as instituições democráticas do país podem ter face a essa eventualidade.

"Se conseguirmos que todos votem, não há nada que eles possam fazer", disse Donald Trump durante um comício esta segunda-feira. Curiosamente, é o mesmo apelo que Kamala Harris tem deixado nas suas intervenções públicas. Mas mesmo este esforço pode não ser suficiente para impedir que o ‘gap’ entre as duas candidaturas venha a ser muito curto. A imprensa norte-americana enfatiza que os eleitores quebraram recordes centenários de participação nas duas últimas eleições presidenciais. Ou seja, já não há muitos absentistas a quem Harris e Trump possam apelar. Para os analistas, deve-se ao ex-presidente a capacidade para chamar tantos norte-americanos às urnas – seja para votarem nele, seja para votarem contra ele.

E esta é a maior crítica que Kamala Harris tem ouvido: a vice-presidente conseguiu consolidar o voto anti-Trump, mas não conseguiu impor o voto nas suas propostas. “Um sinal da paixão que Trump desperta em ambos os partidos políticos”, refere a Reuters.

A equipa de campanha de Kamala Harris acredita que os seus esforços de mobilização de eleitores está a fazer a diferença e que os voluntários bateram em centenas de milhares de portas em cada um dos Estados decisivos no passado fim-de-semana. "Estamos a sentir-nos muito bem sobre onde estamos agora", disse a presidente da campanha, Jen O'Malley Dillon, citada pela comunicação social. A campanha diz que os dados internos mostram que os eleitores indecisos, principalmente as mulheres, estão a inclinar-se a favor de Harris, o mesmo acontecendo entre os eleitores jovens e negros.

A campanha de Trump têm-se concentrado mais em entrar em contato com os apoiantes de Trump que ainda não decidiram sem reservas se vão ou não votar. "Os números mostram que o presidente Trump vai vencer esta corrida", disse o conselheiro Jason Miller. "Sentimo-nos muito bem sobre onde as coisas estão."

Depois de um comício em Raleigh, Trump fez campanha em Reading e Pittsburgh, na Pensilvânia, e em Grand Rapids, no indeciso Estado do Michigan. O ex-presidente planeia retornar a Palm Beach, Flórida, para votar e aguardar os resultados das eleições.

Harris fez campanha em cinco cidades da Pensilvânia, terminando o dia com um comício em frente ao Museu de Arte da Filadélfia, onde contou com a presença de Lady Gaga, Ricky Martin e Oprah Winfrey. E deixou saber que passará a noite das eleições na Howard University, em Washington.

A Pensilvânia é o maior prémio entre os Estados decisivos, oferecendo 19 dos 270 votos do Colégio Eleitoral de que um candidato precisa para ganhar a presidência. Analistas eleitorais calculam que Harris precisa de ganhar cerca de 45 votos eleitorais além dos Estados que deve vencer facilmente para conquistar a Casa Branca, enquanto Trump precisa de cerca de 51.