A França – país que liderou a política europeia durante dois séculos, entre a Revolução de 1789 e a queda do muro de Berlim em 1989 – habituou-se há muito a que as suas eleições presidenciais sejam bem mais que o mero escrutínio das vontades caseiras para os cinco anos seguintes. As presidenciais francesas foram sempre o barómetro de qualquer coisa. Dois exemplos: as de maio de 1981, que resultaram na primeira vitória do ‘amigo’ François Miterrand, permitiram avaliar a capacidade de os partidos socialistas europeus constituírem uma alternativa ao conservadorismo do pós-guerra, depois de terem decidido meter o socialismo na gaveta – o que quis dizer, na altura, que socialistas e comunistas cortavam, aparentemente em definitivo, o cordão umbilical que ainda os unia; as de abril de 2012 serviram para tomar o pulso à musculatura da extrema-direita, que dava os primeiros passos fora do armário em que tinha sido metida umas décadas antes.