A EDP Renováveis (EDPR) mantém os seus planos para os Estados Unidos da América (EUA) apesar da "big beautiful bill" de Donald Trump que prevê cortes nos apoios aos projetos de energias renováveis.
A garantia foi dada pelo presidente-executivo da elétrica que anunciou que a companhia mantém inalterados os planos para 2025 e 2026, apesar da One Big Beautiful Bill Act (OBBBA) ainda ter de ser aprovada pelo Senado, pudendo vir a ser sujeita a alterações.
"Estamos a preparar um novo plano de negócios, iremos ao mercado no dia 6 de novembro, com projeções não só para 2025 e 2026, mas neste plano daremos mais visibilidade sobre aquilo que se passará de 2027 adiante", começou por dizer Miguel Stilwell d'Andrade.
"Para 2025 e 2026, mantemos as nossas estimativas, quer do ponto de vista de resultados, quer do ponto de vista de instalação", garantiu o gestor em declarações à margem da The Lisbon Conference, organizada pelo canal "Now" na segunda-feira em Lisboa.
Sobre a continuidade da empresa neste mercado, afirmou que a "aposta nas renováveis nos Estados Unidos é para ficar. Depois, podemos modelar o nível de investimento em cada ano, em função também das especificidades de cada ano. Agora, quando tomamos as decisões de investimento é para 35 anos, vamos continuar a investir ao longo dos próximos anos".
A companhia mantém as suas previsões de instalação de 2 gigawatts a nível global para este ano, com 1 gigawatts previsto para os EUA. Para 2026, prevê instalar 1,5 gigas no total, com 750 MW nos EUA.
"No ano passado fizemos dois gigawatts nos EUA, este ano faremos um gigawatt nos EUA", acrescentou.
"Vamos continuar a investir nos EUA, o nível exato de investimento pode variar em função do que sair da aprovação do reconciliation bill", concluiu o executivo.
A América do Norte pesou 55% no EBITDA da EDPR em 2024, mais de 850 milhões de euros, sendo o seu maior mercado.
Donald Trump disse que queria ter a legislação aprovada até ao dia 4 de julho, quando os EUA celebram a sua independência, mas a "Fox News" noticiou que era provável que esta data derrapasse perante dúvidas de vários senadores republicanos sobre os impactos do projeto-lei.
A legislação republicana é “pior do que o esperado” para as energias renováveis, segundo uma nota da Jefferies divulgada após a aprovação pela Câmara dos Representantes, com os analistas a acreditar que a lei aprovada pela Câmara dos Representantes venha a sofrer alterações no Senado.
A proposta “representa um pesadelo para os defensores da energia limpa e do IRA da era Biden [programa de fomento industrial]”, segundo a “BloombergNEF”.
Os créditos fiscais começam a terminar em 2029, mas na proposta inicial estava previsto até 2032. Agora, os projetos que queiram ter direito a este desconto fiscal têm de arrancar 60 dias após a lei entrar em vigor.
Os EUA tiveram uma ideia em 1994 para fomentar as energias renováveis no país: descontar nos impostos parte do investimento feito. Estes créditos fiscais vigoram desde então e foram alargados várias vezes. A mais recente tinha sido com Joe Biden que atirou o seu fim para 2035, mas Donald Trump quer acabar com os apoios mais cedo.