As desigualdades têm crescido nas últimas décadas, tanto entre países, como entre os vários segmentos de uma mesma sociedade, o que reforça a importância do trabalho dos laureados de 2024 com o Nobel da Economia, os economistas Daron Acemoglu e Simon Johnson, do Massachussetts Institute of Technology (MIT), e o cientista político James Robinson, da Universidade de Chicago.
“Estou maravilhado. É um choque e uma notícia incrível”, reagiu Acemoglu, o mais novo, mas também mais famoso dos três distinguidos com o único dos prémios da Academia Real sueca que não figurava originalmente nas distinções, tendo sido criado por iniciativa do banco central daquele país em 1968.
Ainda assim, nem por isso é revestido de menor prestígio – nem de um prémio monetário associado mais baixo, com 11 milhões de coroas suecas, cerca de um milhão de euros, para os contemplados. Com uma longa história académica, os recém-distinguidos são figuras de renome da pesquisa económica em desenvolvimento.
Daron Acemoglu nasceu em Istambul, na Turquia, filho de pais arménios, em 1967, tendo adquirido a nacionalidade norte-americana após mudar-se para os EUA para prosseguir a sua educação superior. Formado em Economia pela Universidade de York em 1989, rapidamente avançaria para um mestrado em Econometria na London School of Economics (LSE), em 1990, e para um doutoramento em Economia em 1992 na mesma instituição.
No ano seguinte regressou aos EUA, desta feita ao Massachussetts, para lecionar no MIT, onde se mantém aos dias de hoje. Desde então, o professor é dos mais prolíficos na produção de papers académicos, assinando centenas de artigos científicos e colecionando citações no meio de research.
As suas contribuições focam-se sobretudo na área da desigualdade e pobreza, estendendo o seu trabalho a outras áreas da economia, como o mercado laboral, a política económica e teoria do desenvolvimento. Apesar dos muitos artigos científicos e manuais académicos, o trabalho mais reconhecido enquanto autor destinou-se ao público em geral: “Porque Falham os Estados”, em coautoria com James Robinson.
Robinson, nascido em 1960 no Reino Unido, obteve a sua licenciatura em Economia na LSE, em 1982, antes de prosseguir com o mestrado na Universidade de Warwick em 1986. O doutoramento viria em 1993, na Universidade de Yale, com um foco em teoria económica e relações laborais.
Depois de vários anos a lecionar em Harvard, Robinson acabaria por aceitar um lugar no Conselho da Universidade de Chicago, onde permanece até aos dias de hoje. Na sua carreira académica tem-se focado no estudo da economia política e desenvolvimento político, estabelecendo comparações e paralelos entre Estados e economias para ilustrar as suas teorias.
Ainda antes do livro “Porque Falham os Estados”, Robinson havia já publicado conjuntamente com Acemoglu o título “As Origens Económicas da Ditadura e da Democracia”, em 2006.
Simon Johnson também nasceu no Reino Unido em 1963, tendo completado a licenciatura em Oxford antes de obter um mestrado em Manchester. Para o doutoramento, o britânico mudou-se para os EUA, onde acabaria por obter nacionalidade, tendo estudado no MIT.
De estudante a professor, Johnson acabou por ter uma vida política mais ativa do que os seus parceiros de distinção, tendo feito parte do Fundo Monetário Internacional, instituição onde desempenhou o cargo de economista-chefe por pouco mais de um ano entre 2007 e 2008. O economista também integrou equipas do Tesouro norte-americano entre 2014 e 2020, destacando-se pela oposição a instituições vistas como ‘too big too fail’, uma definição que ganhou popularidade na crise financeira de 2008.
Autor de várias publicações focadas em crescimento económico e na relação do sistema financeiro com desenvolvimento, o livro mais recente de Johnson, em coautoria com Acemoglu, é intitulado “Poder e Progresso: A Nossa Luta de Mil Anos com Tecnologia e Prosperidade”, abordando temas inovadores como a inteligência artificial e a relação não-linear entre desenvolvimentos tecnológicos e melhorias da qualidade de vida das populações.