A liquidação da empresa de confeções Dielmar, com sede em Alcains (Castelo Branco), deverá ser finalizada até ao fim deste mês, tendo na mira, pelo menos, dois novos interessados na têxtil, que deverão ser obrigados a apresentar propostas formais para compra da marca e ativos industriais com vista à criação de uma nova unidade industrial no local, revelou ao Jornal Económico fonte próxima ao processo. Orelançamento da venda deverá levar à recontratação de grande parte dos trabalhadores que foram para o fundo de desemprego após o encerramento definitivo da empresa, decidido pelo Tribunal, que deu mais tempo a interessados com o ressurgimento de duas novas propostas da Valérius e da Outfit 21, comunicadas aos autos pelo gestor judicial.
As opções passam agora pela apresentação formal de novas propostas em carta fechada com entrega de caução ou por um leilão, avançou ao Jornal Económico Marisa Tavares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa (STBB).
“Seguramente antes do final do ano, estará fechado o processo de liquidação. Os trabalhadores entraram no desemprego e é importante uma definição para retomarem o posto de trabalho na perspetiva da empresa ser reaberta e haver uma recontratação desses trabalhadores. Espero que dentro de dias seja definida a opção a seguir: apresentação de propostas em carta fechada com caução ou leilão”, avançou Marisa Tavares do STBB.
Em cima da mesa está, assim, não a liquidação pura e simples, mas em alternativa, a possibilidade da assembleia de credores votar favoravelmente novas propostas como as que já foram sinalizadas pelas sociedades Valérius e Outfit 21, que dão a hipótese de a empresa reabrir com a marca Dielmar e com mais 200 trabalhadores, caso estes aceitem. O objetivo é que os trabalhadores venham a ser integrados numa sucessora da Dielmar, que pode até funcionar nas mesmas instalações, propriedade do Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas.
Com o encerramento definitivo e a liquidação para venda posterior, opera-se a caducidade dos contratos de trabalho com os trabalhadores que terão ser posteriormente recrutados ao fundo de desemprego - o que poderá levar a que alguns, devido à idade e carreira contributiva ou interesses divergentes, já não regressem à empresa, nomeadamente por optarem pela reforma.
A assembleia de credores da empresa de confeções decidiu a 10 de novembro o encerramento definitivo do estabelecimento e deu cinco dias aos credores para se pronunciarem sobre uma proposta de compra da Valérius, de Barcelos, no valor de 250 mil euros. Mas a 16 de novembro, o juiz do Tribunal do Fundão acabou por travar a venda imediata dos ativos da empresa, cujo encerramento tinha sido decidido na semana anterior, tendo mandatado o administrador judicial para reiniciar o processo de venda, tendo em conta que deram entrada novas ofertas pelo ativo daquela empresa insolvente, como foi o caso da Outfit 21, tendo esta empresa de Leiria oferecido 295 mil euros pela marca e ativos industriais. AOutfit 21 também prometeu integrar até 215 trabalhadores, o que pressupõe agora um processo mais demorado.
Com o regresso de mais dois interessados na empresa, o tribunal deu ao gestor da insolvência até 90 dias para elaborar um novo relatório com vista à sua liquidação, sinalizando, no mesmo despacho de 15 de novembro, que o aparecimento das novas ofertas “altera os pressupostos de pronúncia dos credores manifestada na referida reunião da assembleia de credores do passado dia 10 (ou na sua sequência), sem que, até â data haja um qualquer ato de vinculação da massa insolvente que ali foi apreciada”.
De acordo com o despacho do juiz do Tribunal do Fundão, Filipe Guerra, a que o JE teve acesso, em consequência do exposto, determina-se que se proceda à notificação do administrador da insolvência para “promover a liquidação do ativo da massa insolvente, com maior brevidade possível, conferindo aos interessados a possibilidade de apresentarem, em tempo e local a definir, as respetivas propostas”.
A Dielmar pediu a insolvência no passado dia 02 de agosto, tendo o Juízo de Comércio do Fundão da Comarca de Castelo Branco declarado a insolvência da empresa no dia seguinte.