A segunda edição do Technology Fast 50 da Deloitte está aí. Já com as inscrições abertas, quisemos saber o que este ranking, que avalia as empresas de tecnologia com o crescimento mais rápido do ano, representa para a consultora em Portugal.
“Esta é uma iniciativa que queríamos muito trazer para Portugal, porque o programa já existia a nível da América do Norte e da Europa, Médio Oriente e África [EMEA]. Queríamos dedicar este ranking ao ecossistema tecnológico português, especialmente depois de empresas portuguesas terem sido representadas nos rankings internacionais”, diz-nos Pedro Brás da Silva, associate partner da Deloitte.
O responsável adianta que é com as participações que a consultora consegue compreender a dimensão que o ecossistema adquiriu entre edições. É um facto que cada vez mais surgem empresas tecnológicas no ecossistema nacional, onde muitas atingem o prestigiado e mítico estatuto de unicórnio.
Sobre a edição do ano passado, o associate partner adianta que o feedback foi bastante positivo. “As duas empresas portuguesas de mais rápido crescimento, e que destacámos no índice do ano passado atingiram as primeiras 100 posições do ranking da EMEA”, adianta.
Mostram os dados do ano passado que a Sword Health foi a empresa de crescimento mais rápido, com 4.365% entre 2019 e 2022. É que a unicórnio que promete livrar os portugueses de dor, lembra Pedro Brás da Silva, deu entrada no mercado americano e é um “excelente exemplo” da resiliência do mercado português, uma vez que nasceu de uma tese académica.
“São empresas como esta que representam aquilo que queremos ver cada vez mais no tecido empresarial português, que é o conhecimento trazido da faculdade para empresas com modelos de negócios escaláveis”, assume o responsável. De facto, a Sword Health ocupou o 34º lugar no ranking EMEA de 2023, quando no mesmo ranking geral de 2019 se encontrava muito mais abaixo, na 322ª posição.
Pedro Brás da Silva revela que as universidades têm um papel cada vez mais visível no ecossistema. “É um aspeto frequentemente indicado como fundamental para um ecossistema inovador e isso surge nos rankings de inovação. É precisamente a capacidade de converter o conhecimento vindo da faculdade e o conhecimento desenvolvido nas empresas: o investimento em I&D dar origem a patentes, a propriedade intelectual para que depois esta possa ser monetizada”.
Entre os critérios que as empresas devem dar na sua candidatura estão a propriedade intelectual, forma única de trabalhar com tecnologia e investigação e desenvolvimento. “Temos três grandes áreas de critérios e outros mais específicos, entre os principais estão ser uma empresa portuguesa ou fundada por portugueses, ter mais de um milhão de euros em volume de negócios e atuar no mercado tecnológico”, além dos anos de existência.
A novidade deste ano são novas categorias: além do Impact Award, Women in Leadership e Rising Stars, sendo que este último vencedor é escolhido em parceria com a Startup Portugal, vai existir o Market Catalyst e o Venture Champion Award.
Explica-nos o associated partner que estas duas últimas distinções “não estão sujeitas a candidatura”, sendo sujeitas a critérios mais objetivos. “Por exemplo, no Venture Champion vamos distinguir a incubadora, aceleradora ou fundo de capital de risco que mais empresas tenha apoiado dentro do ranking das 50; portanto aquela que mais promoveu as empresas ao longo dos anos e até pode já nem estar no capital”, adianta.
Sobre o Market Catalyst, Pedro Brás da Silva explica que este prémio “procura refletir alguns aspetos do contributo económico”. Ou seja, “além do crescimento das empresas e do emprego que estas geram à medida que crescem, existe um contributo direto para o PIB, mais especificamente através do valor acrescentado bruto”.
E o que espera a Deloitte para este ano? “Diversidade, porque a tivemos no ano passado, e também diversidade geográfica, além de diversidade nos modelos de negócio”. “Estamos à espera de ver os melhores exemplos do que se faz em Portugal a nível de tecnologia”.
Abordando o crescimento das organizações, o responsável admite que é preciso “não esquecer que tivemos uma crise financeira internacional seguida de uma crise de dívida soberana. A recuperação da economia portuguesa deu-se e mesmo assim tivemos uma pandemia”.
“Hoje, as empresas estão mais capitalizadas, mais estáveis e têm um perfil cada vez mais qualificado e estão fortemente internacionalizadas. Exemplo disso é o que temos visto na área da cibersegurança, biotecnologia e engenharia de telecomunicações”.
Pedro Brás da Silva explica que o importante é o ecossistema, especialmente as empresas que o integram, crescer com valor acrescentado e produtividade, “de forma a alavancar o conhecimento e resolver os desafios em termos de atração e retenção de talento, como a criação de modelos de negócio que valorizem a propriedade intelectual desenvolvida em Portugal”.
“É importante termos a consciência que o mundo não é estático. Portugal cresce, mas os outros países também o fazem. Quando olhamos para o ranking geral e vemos que Portugal tem países a cima, vemos que é possível ambicionar mais, por isso é tão importante sermos mais competitivos”.