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Critical TechWorks quer que "cada pessoa seja valorizada pelo trabalho que desenvolve”

Marie Kölle, diretora de Felicidade da Critical TechWorks, diz nesta entrevista ao JE que a estratégia de diversidade, equidade e inclusão é fundamental para criar um sentimento de pertença na empresa. Com 2000 colaboradores de 43 nacionalidades, a tecnológica apresenta uma retenção de 95%.

A Critical TechWorks, joint-venture, criada em 2018, entre a Critical Software e o BMW Group, para o qual desenvolve soluções de software, tem crescido e contratado quase continuamente para os escritórios do Porto e de Lisboa, onde já em setembro vai inaugurar um novo espaço. Diversidade, equidade e inclusão são palavras-chave de uma estratégia que tem o foco nas pessoas, explica ao Jornal Económico Marie Kölle, diretora de Felicidade da empresa.

 

Quantas pessoas emprega a Critical TechWorks?

A Critical TechWorks conta com cerca de 2000 colaboradores de 43 nacionalidades e prevê continuar a crescer no Porto e em Lisboa, onde vai inaugurar um novo escritório na K-Tower, em setembro, no Parque das Nações.

 

Como aborda o conceito de diversidade, qual é a estratégia? Que fatores tem em conta?

Desde a sua criação, em 2018, a Critical TechWorks tem como objetivo implementar os conceitos de diversidade, equidade e inclusão no seio da organização. Ao longo dos últimos cinco anos, demos passos importantes neste processo e, atualmente, temos uma estratégia definida que assenta em três pilares fundamentais, que reforçam o nosso compromisso com este tema.

 

Falemos dos pilares.

O primeiro foca-se no facto de reconhecermos a importância destes conceitos para a cultura organizacional e que, posteriormente, têm um impacto positivo na atração de talento, inovação, crescimento e produtividade. Para complementar o primeiro pilar, desenvolvemos projetos e iniciativas que ajudam na integração destes conceitos, independentemente do género, cultura, orientação sexual ou do seu grau de capacidade física ou mental. Por fim, é importante criar um sentimento de pertença entre os colaboradores, onde sintam quem têm impacto na organização e que são valorizados pelas suas competências pessoais e profissionais.

O sentimento de pertença é um fator crucial para o desenvolvimento de uma organização, uma vez que, se os colaboradores sentirem que a empresa tem um propósito e que quer impactar o meio, os índices de motivação, criatividade, inovação vão aumentar. Num ambiente diverso, as diferentes perspectivas impulsionam o progresso e, para isso, é preciso desconstruir barreiras e preconceitos, desafiar os estereótipos e defender a igualdade.

 

Em quatro anos que resultados apresenta?

Na Critical TechWorks temos um objetivo comum que é garantir que estes conceitos são tidos em conta e, com a implementação desta estratégia, todos os anos revemos os processos para identificar os aspetos que podem ser melhorados. Para isto, fazemos uma auditoria externa que realiza uma análise minuciosa aos procedimentos adotados de forma a perceber o impacto dos mesmos na organização. É necessário realçar que esta auditoria assume um papel de destaque neste âmbito, uma vez que nos orienta e recomenda qual o caminho que devemos seguir. Em termos de resultados, com o trabalho que temos vindo a desenvolver, estamos acima do benchmark, mesmo a nível internacional, o que revela o impacto positivo das medidas que foram implementadas.

 

Que iniciativas promovem no âmbito dessa estratégia?

Um dos pilares da estratégia de diversidade, equidade e inclusão (DE&I) da Critical TechWorks tem como foco desenvolver iniciativas e projetos para criar um sentimento de pertença entre os colaboradores. Contudo, é preciso realçar que, para estas iniciativas terem o efeito desejado, é necessário que haja continuidade ao longo do ano e que estas não sejam apenas desenvolvidas em efemérides sobre o tema.

 

Exemplos?

Decorreu recentemente a segunda edição do programa de neurodiversidade, em parceria com a Critical Software, em que recrutamos e formamos pessoas com autismo ou Asperger. Temos também uma parceria com a Geek Girls Portugal, comunidade que promove e incentiva as mulheres a ingressarem na área tecnológica, onde mais de uma dezena de mentoras da Critical TechWorks participam nos encontros e workshops promovidos. Para além disso, realizamos sessões regulares com porta-vozes convidados para debater a importância destes conceitos na cultura organizacional, entre outras dinâmicas que realizamos ao longo do ano. Por último, criou-se, de forma orgânica dentro da equipa, a iniciativa "Rainbow in Motion" que une a comunidade LGBTQIA+ dentro da Critical TechWorks, com vista a debater e melhorar a sua inclusão.

Posto isto, o facto de disponibilizarmos diferentes programas e ações, em que as pessoas podem participar livremente, contribui para um ambiente mais diverso e inclusivo, em que se aceitam diferentes estilos de vida e formas de trabalhar.

 

Quantos trabalhadores com necessidades especiais emprega a Critical TechWorks? No exercício de uma mesma função, os salários dos trabalhadores com necessidades especiais são iguais aos dos outros trabalhadores?

No seguimento da primeira edição do programa de neurodiversidade, já temos os primeiros colaboradores com necessidades especiais que integram as nossas equipas e esperamos aumentar este número com a edição que está a decorrer. A nossa estratégia de DE&I tem um papel muito importante nesta questão, pois recolhemos dados relativamente à gestão de carreira relacionada com estas políticas, para depois conseguirmos corresponder às pretensões dos colaboradores. Ou seja, o que pretendemos é que cada pessoa seja valorizada pelo trabalho que desenvolve e que sinta que acolhemos as diferenças de forma a cultivar o sentimento de pertença. Para isto, criámos espaços inclusivos que encorajam o diálogo, aceitam a diversidade de pensamento e promovem uma cultura de respeito e empatia. Esta inclusão ajuda os colaboradores a desenvolverem diferentes formas de pensar e de aplicarem o conhecimento.

 

A empresa integra critérios de diversidade na seleção dos fornecedores?

De uma forma geral, todos os eventos internos e externos que organizamos têm um critério claro de procura por fornecedores que integrem os conceitos de diversidade e inclusão, ou seja, procuramos alguém que tenha uma conexão com a temática que estamos a trabalhar. Por exemplo, trabalhamos com algumas empresas que integram imigrantes de várias nacionalidades, assim como organizações sem fins lucrativos.

 

Qual a taxa de retenção na empresa?

Atualmente, temos uma elevada taxa de retenção na Critical TechWorks, de cerca de 95%. Estes resultados são o reflexo de vários fatores, entre os quais, o tipo de trabalho que desenvolvemos e o impacto que as equipas têm e veem acontecer na mobilidade do futuro, e também o facto de sermos uma empresa cada vez mais diversa e inclusiva.

É importante que as organizações se consigam ajustar às mudanças atuais no mercado de trabalho, que se crie um sentimento de pertença em que os colaboradores sintam que são valorizados, e que se mostre que estão a ter um impacto positivo no sector, mas também na sociedade. Para além disso, é preciso analisar a percepção que o talento tem sobre determinada empresa, para se conseguir corresponder às preferências dos candidatos.