Sob o signo da presidência espanhola do Conselho da União Europeia (rotativa), vai realizar-se a 5 de outubro, a terceira reunião da Comunidade Política Europeia que juntará dirigentes de todo o continente em Granada (Espanha). Tendo por base os trabalhos realizados nas reuniões anteriores da Comunidade Política Europeia, “os dirigentes debaterão as formas de tornar a Europa mais resiliente, próspera e geoestratégica”.
A comunidade transformou-se claramente num grupo bem mais importante desde que teve início a invasão da Ucrânia por parte da Rússia e tem vindo a alinhar, nomeadamente em termos geopolíticos, com a própria União Europeia. Isso mesmo fica claro pelo facto de a reunião da Comunidade Política Europeia ter lugar antes da reunião informal do Conselho Europeu, que está prevista para 6 de outubro.
Foram convidados, a participar nesta terceira reunião da Comunidade Política Europeia, 47 chefes de Estado ou de Governo, provenientes dos seguintes países: Estados-membros da UE27, Albânia, Andorra, Arménia, Azerbaijão, Bósnia-Herzegovina, Geórgia, Islândia, Kosovo, Listenstaine, Moldávia, Mónaco, Montenegro, Macedónia do Norte, Noruega, São Marinho, Sérvia, Suíça, Turquia, Ucrânia e Reino Unido. O presidente do Conselho Europeu, a presidente da Comissão Europeia e a presidente do Parlamento Europeu também foram convidados para participar na reunião.
Recorde-se que a Comunidade Política Europeia tem por objetivo “promover o diálogo político e a cooperação para abordar questões de interesse comum e reforçar a segurança, a estabilidade e a prosperidade do continente europeu”. Esta plataforma de coordenação política “não substitui as organizações, estruturas e processos existentes nem visa criar novas organizações, estruturas ou processos nesta fase”.
Até à data, a Comunidade Política Europeia reuniu-se duas vezes. Na sua primeira reunião, realizada em outubro de 2022, os dirigentes debateram sobretudo assuntos relacionados com a paz e a segurança, especialmente a guerra da Rússia na Ucrânia, e a crise energética. Na reunião seguinte, realizada em junho de 2023, debateram os esforços conjuntos desenvolvidos em prol da paz e da segurança, da resiliência energética, da conectividade e da mobilidade na Europa.
Com a guerra na Ucrânia a dominar uma parte dos trabalhos, o grupo é neste particular bastante mais heterogéneo que a própria União Europeia, dado estarem ali representados vários países que não fazem parte do círculo mais próximo do apoio ao governo de Zelensky. De qualquer modo, as questões de segurança decorrentes da invasão russa têm impacto evidente em todos os países.
Importante é também o facto de Arménia e Azerbaijão – que passam neste momento por um pico de crise motivado pela questão de Nagorno-Karabakh – estarem, em princípio, presentes em Granada. Os restantes países europeus vão por certo debater o assunto, apesar de um dos poucos países europeus ausentes, a Rússia, ter uma palavra fundamental a dizer sobre o tema.
Outro tema igualmente impossível de passar à margem dos encontros é o da abertura da União Europeia aos países dos Balcãs Ocidentais. Em Granada estarão com certeza representantes da Sérvia e do Kosovo que, tal como sucede com a Arménia e o Azerbaijão, têm um diferendo antigo com impacto na Europa e que, apesar de todos os esforços da União Europeia, ainda não encontrou um termo.
Na reunião anterior, na Moldávia, a comunidade debateu, para além dos temas gerais, a resiliência energética, a conectividade e a mobilidade na Europa. A próxima reunião da Comunidade Política Europeia terá lugar no Reino Unido.