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“Compromissos dos Governos nada significam sem ação”

Em entrevista ao podcast do JE, Nick Bridge, chefe da diplomacia climática do Reino Unido perspectiva um caminho rumo à sustentabilidade do qual já não há retorno e em que todos os protagonistas, dos políticos à sociedade civil, são bem-vindos.

Nick Bridge, chefe da diplomacia climática do Reino Unido, foi o convidado do quinto episódio do podcast “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”, uma parceria entre o JE, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido em Lisboa. Nesta conversa, o tema passou pelos desafios dos países nas negociações em torno da conferência do clima da organização das Nações Unidas (COP) e de um caminho que já está a ser percorrido (e do qual já não há retrocesso) rumo às finanças sustentáveis. Um caminho que terá de ser percorrido pelo sector financeiro e empresarial. Recordando a reunião das alterações climáticas COP-26 (que decorreu há dois anos), Nick Bridge sublinha que a grande mudança passou pelo envolvimento e sensibilização da sociedade civil em torno de todas as questões que estão por resolver. “Os Governos estabelecem as premissas para estas mudanças. Mas o seu sucesso depende muito das empresas e do sistema financeiro em parceria com a sociedade civil”, começou por referir este especialista britânico. Apesar dos compromissos, explica Nick Bridge, os compromissos dos Governos “não significam nada sem ações concretas” e foi muito claro que também seria muito importante que o sistema financeiro “assumisse compromissos sérios” e objetivos para 2030. “Não vamos ser bem-sucedidos a menos que o dinheiro comece a mexer para onde é necessário”, sublinha este especialista, que realça que a relação entre o poder governativo e financeiro, em conjunto com o compromisso do universo empresarial, será sempre “vantajosa”. O chefe da diplomacia climática do Reino Unido compreende que existem decisões difíceis de tomar: “Se estão a sair dos combustíveis fósseis de uma forma tão dramática e em tão pouco tempo, existem preocupações de estabilidade financeira; por isso, todas estas questões exigem que os principais protagonistas estejam envolvidos nestes compromissos. Os fundos de pensões e os gestores de ativos estão a pensar onde o seu dinheiro é investido. Se tiverem a capacidade de perceber que estamos empenhados em salvar a natureza, será bastante útil”. Este especialista britânico acredita que possa existir um efeito de contágio que permita que, a partir do momento em que se comece a ganhar dinheiro com estas mudanças, poderá existir toda uma mudança de comportamento: “Ter uma transição de uma economia baseada em combustíveis fósseis para uma economia limpa nesta janela temporal tão curta pode ser bem gerida e não desestabiliza todo o sistema”.

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